Última edição do Café das Nações traz falas inspiradores dos cônsules

17 de novembro de 2025


O jornal Diário Indústria & Comércio, em parceria com a Associação Comercial do Paraná (ACP), por meio de seu Conselho de Negócios e Relações Internacionais (Coninter), realizou na manhã desta quarta-feira a última edição do ano do Café das Nações, homenageando os países que possuem datas oficiais nos meses de outubro, novembro e dezembro: Coréia do Sul, Espanha, Áustria, Líbano, Romênia e Finlândia.

O tradicional encontro teve abertura feita pelo coordenador do Conselho de Negócios e Relações Internacionais (CONINTER-RI), Monroe Olsen, que avisou aos presentes sobre a data do primeiro Café das Nações de 2026: 11 de março.

“Estamos muito felizes em dar continuidade a este projeto de vida iniciado pelo fundador do jornal, Odone, que há 30 anos promove o encontro entre nações e culturas. Este é o último Café das Nações do ano, e já seguimos com energia renovada para 2026, ainda mais fortes, com patrocinadores que acreditam e renovam seus compromissos conosco. Este evento simboliza a união dos povos, a consolidação de forças e a ponte que nos conecta a muitos países do mundo”, destacou Irene Martins, diretora do Diário Indústria & Comércio.

Em seguida, o vice-presidente da ACP, Antoninho Caron, fez um pronunciamento marcado pelos desafios ambientais e econômicos que o mundo enfrenta em plena COP30, destacando que a preservação do planeta é uma responsabilidade coletiva, que depende da ação conjunta de governos, empresas e cidadãos. “Cada um de nós é essencial. Sem a tua parte, não haverá o todo. As nações são como tripulantes de um mesmo barco chamado Terra, ou conservamos e vivemos juntos, ou morremos juntos”, afirmou.

Para ele, há três dimensões fundamentais que precisam ser enfrentadas com urgência: a origem dos problemas climáticos, o protecionismo ecológico e a educação para a sustentabilidade. “Devemos nos perguntar se o problema climático é econômico ou é geológico. A geologia da Terra continuaria se modificando mesmo sem a presença humana. O que podemos fazer é acelerar ou retardar esse processo. E é aí que está nossa responsabilidade como espécie”, destacou. Caron também fez um alerta para o que chamou de ‘protecionismo ecológico’, fenômeno que, segundo ele, já se reflete nas disputas internacionais por recursos naturais, alimentos e terras raras, matérias-primas essenciais para a indústria tecnológica e energética. “Estamos diante de uma nova forma de competição global, na qual o discurso ambiental pode se transformar em barreira econômica. A sustentabilidade não deve ser usada como instrumento de exclusão, mas como caminho de cooperação e equilíbrio entre as nações”, ponderou.

Outro ponto central do discurso foi a necessidade de reeducar o consumo, tema que Caron abordou sob uma perspectiva histórica e econômica, lembrando que o modelo de consumo desenfreado, predominante hoje, teve origem em momentos de crise no século XX, como a queda da Bolsa de Nova York, em 1929, e o pós-guerra de 1945. “Precisamos reaprender a consumir. É hora de uma nova educação voltada à sustentabilidade, que valorize o uso consciente, o reaproveitamento e a responsabilidade com o planeta”, defendeu.

Consul da Coreia do Sul destaca valores milenares e espírito coletivo

O cônsul Coreia do Sul, Cristian Kim, proferiu um discurso emocionante sobre o significado do Dia da Fundação Nacional da Coreia, celebrado em 3 de outubro. A data, conhecida em coreano como Gaecheonjeol, significa “o dia em que o céu se abriu” e remonta a um dos momentos mais simbólicos da história coreana, que marca o nascimento da civilização coreana e o início de uma identidade nacional que se mantém viva há mais de quatro mil anos, pautada pelo viver para o bem comum; governar em harmonia com os céus e buscar a paz e a prosperidade para todos.

“Esses valores seguem vivos no cotidiano da Coreia do Sul contemporânea, refletidos na ética de trabalho, na dedicação à educação e na solidariedade coletiva que caracterizam o povo coreano”, disse. “Destaco a capacidade de superação e resiliência da Coreia do Sul, que, mesmo diante da adversidade, manteve a fé na educação e no esforço conjunto, princípios que ajudaram a transformar uma nação devastada pela guerra em uma potência global em tecnologia, cultura e economia”, afirmou.

“A Coreia do Sul é um país pequeno em território, mas de grande influência mundial. Em menos de sete décadas, tornou-se líder em inovação, educação e cultura criativa. Hoje, mais de 90% dos lares do mundo têm algum produto coreano, seja um smartphone, um automóvel ou até mesmo uma música ou série”, destacou.

 

Espanha e os laços históricos e culturais com o Brasil

A cônsul honorária da Espanha, Blanca Hernando Barco, destacou a importância do Dia da Hispanidade, celebrado em 12 de outubro, como uma data de reflexão sobre o encontro entre culturas e a contribuição espanhola para o mundo contemporâneo. A data marca o momento histórico da chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, episódio que deu início à interação entre dois mundos e transformou o curso da história universal.

“O Dia da Hispanidade é mais do que uma comemoração nacional. É uma oportunidade de celebrar a riqueza da cultura espanhola, o idioma que une povos e a contribuição da Espanha para o desenvolvimento global”, afirmou a cônsul. Atualmente, a Espanha é o segundo maior investidor estrangeiro direto no Brasil, com forte atuação em setores como infraestrutura, energia, finanças e telecomunicações.

“Os laços entre Espanha e Brasil são históricos, mas também muito atuais. A parceria econômica, o intercâmbio educacional e a colaboração cultural reforçam uma amizade que cresce a cada ano”, observou.

 

Compromisso da Áustria com a cooperação internacional

A vice-cônsul da Áustria, Anelise Gropp, apresentou um panorama histórico e econômico do país e destacou os profundos laços que unem a Áustria e o Brasil, marcados por uma relação de amizade e cooperação que remonta ao século XIX. Após um passado de ocupações e períodos de reconstrução, a Áustria é hoje um exemplo de nação que escolheu o caminho da paz, da diplomacia e da cooperação internacional.

“Para o povo austríaco, é motivo de orgulho viver em um país que fez da neutralidade e do diálogo instrumentos de desenvolvimento e convivência entre as nações”, disse Anelise. República parlamentar localizada no coração da Europa, com 9,1 milhões de habitantes, a Áustria é o berço da música clássica e da arquitetura imperial. Com um Produto Interno Bruto (PIB) estimado em US$ 516 bilhões, o país figura entre as economias mais desenvolvidas da União Europeia, da qual faz parte desde 1995.

“Possuímos um parque industrial diversificado, com destaque para os setores de metalurgia, química e farmacêutica, eletrônica, madeira, papel, alimentos e bebidas. O turismo também é um dos pilares da economia, atraindo milhões de visitantes todos os anos para suas paisagens alpinas, cidades históricas e riquíssimo patrimônio cultural”, disse.

De acordo com ela, o atual intercâmbio cultural, científico e econômico entre Brasil e Áustria é vibrante e promissor. A chegada ao Brasil do novo embaixador da Áustria, Andreas Stadler, se inicia com o debate de temas como o avanço do acordo Mercosul–União Europeia, a participação da Áustria na COP30, em Belém, e projetos conjuntos nas áreas de inovação, sustentabilidade e transição energética.

“A amizade entre Áustria e Brasil é duradoura, construída sobre valores compartilhados e um compromisso comum com o progresso e o respeito entre os povos”, concluiu Anelise Gropp.

 

Cônsul do Líbano faz apelo por paz

O cônsul honorário do Líbano, Nizar Hussein Hachem, fez um pronunciamento marcado pela emoção e pelo apelo à paz em meio às dificuldades enfrentadas por seu país. O representante destacou o significado do Dia da Independência do Líbano, celebrado em 22 de novembro, e refletiu sobre os desafios que o povo libanês continua a enfrentar oito décadas após a conquista da soberania nacional. “O Líbano se tornou uma república independente em 22 de novembro de 1943, mas infelizmente nosso povo ainda sofre com os efeitos da guerra”, afirmou.

Com uma área de 10.452 km², o Líbano é um país pequeno em extensão territorial, mas de grande relevância histórica e cultural no Oriente Médio. O país enfrenta há anos ataques frequentes e perdas humanas, que afetam não apenas a segurança, mas também a economia e o cotidiano da população. “O Líbano quer paz. Nosso povo não deseja guerra com ninguém. Todos os dias drones sobrevoam nossas cidades, e vidas são perdidas. Queremos apenas viver em segurança e reconstruir nosso país”, declarou, destacando o espírito resiliente e trabalhador do povo libanês, que se espalhou pelo mundo e contribuiu significativamente para o desenvolvimento de diversas nações, incluindo o Brasil.

“O povo libanês é conhecido por sua inteligência, sua dedicação e sua capacidade de reconstruir. Temos médicos, engenheiros e empresários libaneses em todo o mundo que ajudaram a construir e fortalecer outros países”, ressaltou. “Queremos que todas as nações pensem no bem da humanidade. A paz é o único caminho possível para um futuro melhor”, concluiu.

 

Romênia destaca crescimento econômico e avanços tecnológicos do país

A cônsul honorária da Romênia, Carolina Mariah Henning (foto), apresentou um panorama otimista sobre o desenvolvimento do país nas últimas décadas e destacou o papel da Romênia como uma economia em ascensão dentro da União Europeia.

A data nacional da Romênia, comemorada em 1º de dezembro, marca a unificação da Transilvânia, Moldávia e Valáquia, evento histórico que deu origem ao Estado moderno romeno. Em sua fala, a cônsul lembrou a trajetória de transformação do país desde o período socialista até sua consolidação como uma república democrática e integrante da OTAN e da União Europeia.

“A entrada da Romênia na União Europeia e na OTAN foi um divisor de águas para o país. Isso mudou completamente a mentalidade e impulsionou o desenvolvimento econômico e social. Hoje, a Romênia se destaca entre seus vizinhos, com um crescimento expressivo e políticas voltadas à inovação”, disse Carolina.

Com uma população de cerca de 19 milhões de habitantes, a Romênia tem se destacado pelo dinamismo econômico. O Produto Interno Bruto (PIB) do país é de aproximadamente US$ 360 bilhões, com renda per capita próxima de 20 mil dólares, um salto significativo em comparação aos US$ 3 mil registrados antes da integração europeia. Apenas no último ano, o crescimento foi de cerca de 6%, segundo dados citados pela cônsul, enquanto a inflação está em torno de 6,8%.

“Lá, tudo funciona de forma eficiente. A Romênia é um país maravilhoso, moderno e acolhedor. Às vezes as pessoas conhecem a Romênia apenas pelos filmes e lendas, mas o país é muito mais do que isso, é um destino encantador, cheio de cultura, tecnologia e oportunidades”, destacou.

Carolina ressaltou ainda o avanço da tecnologia da informação e da inovação urbana, setores que têm colocado a Romênia entre os países mais promissores da Europa Oriental. Ela lembrou que o país tem colaborado com o Brasil em projetos de cidades inteligentes, especialmente no Paraná. “A Romênia tem mão de obra altamente qualificada e empresas líderes em tecnologia de Smart Cities. Já realizamos conexões com o Brasil, inclusive com parcerias no Paraná, para promover soluções tecnológicas e sustentáveis”, explicou.

Além da área tecnológica, a indústria automotiva e o setor de petróleo e refino são hoje pilares da economia romena, juntamente com a agricultura, que, apesar do território relativamente pequeno, continua a desempenhar papel relevante.

“O governo romeno oferece benefícios fiscais e suporte direto para empresas que desejam se instalar no país ou formar joint ventures. Há incentivos tributários, auxílio em processos de instalação e um ambiente favorável para novos negócios”, citou.

 

Finlândia destaca educação, igualdade e inovação como pilares da nação mais feliz do mundo

A cônsul honorária da Finlândia, Roseanne Salomon Fontana, apresentou um panorama inspirador sobre os valores e conquistas do país nórdico, reconhecido internacionalmente por seus altos índices de bem-estar, sustentabilidade e inovação.

O Dia Nacional da Finlândia é comemorado em 6 de dezembro, data que marca a independência do país em 1917, após sua separação do Império Russo. Desde então, a Finlândia construiu uma trajetória exemplar de desenvolvimento social, tecnológico e humano. “A Finlândia conquistou sua independência há pouco mais de um século e, desde então, tem investido em pilares sólidos: educação, igualdade de gênero, sustentabilidade e inovação. São esses valores que moldaram o país e continuam guiando nossa sociedade”, destacou Roseanne.

A Finlândia é constantemente citada como um modelo global de qualidade de vida. De acordo com a cônsul, esse reconhecimento se deve a uma combinação de fatores, entre eles a eficiência dos serviços públicos, a alta digitalização e a confiança social.

“A vida na Finlândia é facilitada pela digitalização. Quase tudo pode ser feito de forma online, com transparência e eficiência. É um país moderno, conectado e que valoriza profundamente o bem-estar coletivo”, explicou. “Ao ouvir os discursos de todos os países aqui representados, percebemos que há um ponto em comum, o desejo de construir um futuro mais justo, sustentável e inteligente. Esses são também os princípios da Finlândia, e é um prazer poder compartilhá-los neste encontro tão inspirador”, concluiu.

Estiveram presentes no evento o vice-coordenador do Coninter, Antonio Carlos Guil; o presidente do Corpo Consular e cônsul de Bangladesh, Marcelo Grendel; Alejandro O Campo – cônsul da Argentina; Andrea Viana – cônsul de Luxemburgo; Celso Riquelme – cônsul do Paraguai; Lara Lacerda – assessora de Cerimonial Internacional do Governo do Estado do Paraná; Gabriela Navarro – assessora de Relações Internacionais da Prefeitura de Curitiba; Maristela Parigot – presidente do Instituto de Relações Internacionais do Paraná (IRIP); Higor Bezerra – gerente de Relações Internacionais da Fiep e Helena Sperandio – coordenadora de Relações Institucionais e Governamentais da Faciap.

Também, representantes das câmaras bilaterais da Argentina, Finlândia, França, Índia, Luxemburgo e Portugal, além de representantes da Rede Consciência Nações Mercado e dos patrocinadores Apolar, Correios, Mundial e Ouribank.

Contato