A medicina veterinária está abrindo cada vez mais espaço para a terapia multimodal, neste cenário a medicina física e de reabilitação surge para auxiliar os pacientes com dor. “Contribui para diminuir a carga de medicação, trazer qualidade de vida e complementando, muitas vezes, casos em que a terapia é o alvo do tratamento”, diz a coordenadora da pós-graduação em Fisioterapia, Fisiatria e Reabilitação Veterinária do Instituto Bioethicus, diretora do Centro de Fisioterapia e Reabilitação Veterinária Fisioanimal, Maíra Formenton, que está com três palestras no último dia de Comdor. A primeira delas fala sobre “Reabilitação física em cães e gatos com dor crônica”. Para a médica é preciso entender o papel que um exercício terapêutico ou um fortalecimento tem no controle da dor. Na sua avaliação, hoje há casos de pets que são sedentários ou obesos, “situações em que a reabilitação atua com bastante força”. Uma das consequências desse tratamento é a reaproximação entre o tutor e o seu animal, fazendo com que se reconstrua a relação.
Em um segundo momento, Maíra vai falar sobre “Síndrome do imobilismo: uma condição silenciosa no dia a dia de cães e gatos”, que é a falta de movimentação dos bichos. “São animais que foram para dentro de casa e começaram a mexer cada vez menos aponto de desenvolverem esta doença, que é o imobilismo”, diz. Geralmente acomete pacientes idosos que, segundo a especialista, praticamente não andam e ficam isolados do convívio familiar. “Há uma quebra de vínculo e é um ciclo, porque tem dor não anda, não anda porque tem dor. A imobilidade em si agrava muito os quadros de dor”, afirma. Maíra é enfática ao dizer que a imobilidade é uma doença e que, cada vez mais, ela aborda o tema para instigar aos profissionais a não deixarem os bichos quietinhos. “Deve-se ter um equilíbrio entre o repouso e a movimentação”.
O terceiro tema da veterinária será “Diagnóstico e abordagem terapêutica da dor miofascial”, que é primordialmente do músculo esquelético. De acordo com Maíra, a musculatura e o complexo de dor miofascial chega a ser responsável por 50% das manqueiras nos animais. “Se tem um paciente com artrose, é característico ter juntamente uma dor miofascial. Por vezes, o veterinário dá analgesia que gera resultado no início, mas com a regressão e a volta da dor, a conclusão é de que houve uma falha de medicamento. Quando, na realidade, a dor pode ser de origem muscular”, explica. Estudos mostram que o tratamento deve ser focal, direcionado à musculatura específica, com massagens, liberação miofascial, alongamento e fortalecimento. “Se o músculo não for tratado, o resto não melhora”, diz. Apesar de ser um tema novo na medicina veterinária, é amplamente difundido na medicina humana. “É importante entender que um tratamento não exclui o outro. São terapias que trabalham em conjunto, que complementam uma a outra”, finaliza.