Relação entre redes sociais e trabalho no mundo corporativo contemporâneo: as restrições e as vantagens

7 de outubro de 2011


* Giuseppe Mosello

Podemos dizer que hoje a comunicação através de uma rede social é, por boa parte da nossa sociedade, um comportamento adquirido. Portanto, as empresas não podem ficar fora disso porque estariam proporcionando um ambiente não próximo aos costumes dos próprios colaboradores.

Segundo a Gartner Group (Redação da CIO Brasil, publicada em 03 de fevereiro de 2010), até 2012, 50% das organizações do mundo terão criado suas próprias plataformas para permitir uma troca de informações entre colaboradores; as redes sociais deverão substituir 20% dos e-mails corporativos até 2014 e, até 2015, 25% das empresas utilizarão ferramentas de análise das redes sociais internas para melhorar o desempenho das organizações e a produtividade das equipes.

As redes sociais corporativas permitem várias funções dentro do ambiente corporativo, entre elas, a possibilidade de proporcionar o surgimento do sentimento de pertença entre seus usuários. Dubar (1997) destaca a importância do sentimento de pertença do trabalhador com a organização na qual desenvolve suas práticas profissionais, estando diretamente ligado ao reconhecimento profissional e social. Se uma rede social corporativa é capaz de despertar o sentimento de pertença, ela se torna uma ferramenta indispensável para o RH.

Para que isso aconteça, porém, é primordial que haja o reconhecimento das necessidades individuais por parte de um gestor da comunicação interna. Quando um usuário expõe publicamente seus sentimentos, ele espera ser reconhecido e obter o retorno por parte da equipe ou comunidade a qual pertence. Além disso, é fundamental que uma rede social não seja implantada caso não exista a possibilidade de segui-la, monitorá-la e alimentá-la para que lhe forneça o maior fruto que esta planta pode dar: a colaboração. “Reunir-se é um começo, permanecer juntos é um progresso, e trabalhar juntos é sucesso – Henry Ford”.

Ficar em um bate-papo com outras pessoas e interagir com elas é muito envolvente, mas às vezes acaba tirando mais tempo e atenção do que deveria. O medo de desviar o foco dos próprios colaboradores abrindo o acesso dos mesmos a uma rede social é, portanto, justificado. A solução está em usar ferramentas que desfrutem o paradigma comunicativo limitando a comunicação aos colaboradores da empresa. Ou seja, uma rede social exclusiva para os próprios colaboradores, sem possibilidades de acesso a pessoas externas. Para que isso funcione, é necessário criar um ambiente virtual de socialização que reflita os valores, o caráter e a personalidade da companhia; e é desta forma que lidamos com isso na nossa empresa.

Este ambiente também deve ser um canal que conecte todas as gerações, já que as redes sociais vieram para ficar. De acordo o IBOPE, no ano passado houve um aumento em 20% do número de pessoas acima de 50 anos usando a internet no Brasil. Todavia, esta população ainda tem alguma resistência à mudança repentina da tecnologia.

Podemos dizer que, em geral, as gerações anteriores a Y, ou seja, a “Tradicional”, “Baby Boomer” e “X” sofreram os impactos das barreiras tecnológicas, das dificuldades operacionais, do medo de adaptação e de diminuição e da elitização das competências, mas, de alguma forma, elas sucumbiram ao advento da tecnologia, reagindo de formas diferentes, mas sempre agindo. As repercussões disso no trabalho são claras e estabelecem uma diferença importante no uso da tecnologia para fins operacionais.
Outro aspecto importante é o papel que a comunicação assume no treinamento. Segundo uma pesquisa da KPMG, 80% do que um colaborador aprende na empresa não é passado através dos canais tradicionais de ensino. Este índice é constituído principalmente da comunicação com outras pessoas, como colegas ou chefes. Se a rede social corporativa consegue de alguma forma monitorar e canalizar esta comunicação se torna mais uma vez uma ferramenta indispensável para o RH.

A Rede Social Corporativa deve, portanto, garantir não somente a comunicação entre os colaboradores, mas, sem se tornar uma mídia chapa branca, deve assegurar o monitoramento e direcionamento da comunicação, para que possa ser possível um comportamento colaborativisita que está na base da moderna relação social mediada pelo virtual.

Giuseppe Mosello é diretor Geral da Learnway/PR e participará da mesa-redonda “As Redes Sociais como ferramenta de Gestão”, que acontece no dia 24/10, às 18h30, durante o XII Congresso Paranaense de Recursos Humanos (CONPARH), evento organizado pela Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional do Paraná (ABRH-PR). Mais informações: www.conparh.com.br

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