O diretor presidente da Brainbox Design Estratégico, Zeh Henrique Rodrigues, apresentou nesta terça-feira as principais tendências do varejo mundial, observadas neste ano na 102ª edição do Retail’s Big Show, promovido pela NRF-National Retail Federation em Nova Iorque.
Intitulado “Fora da Caixa – Tendências do Varejo Global: Pós-NRF” e acompanhado por mais de 300 pessoas, o evento foi realizado no Shopping Mueller e chega em 2013 ao seu terceiro ano. “Nossa proposta é disseminar democraticamente o conteúdo absorvido na Feira e colocá-lo à disposição do mercado local”, disse Zeh Henrique. “Precisamos adaptar essas informações e pensar em como explorar estas tendências em benefício do lojista e de consumidor. Acredito que o pequeno varejo tem um papel fundamental nessa inovação, pela sua possibilidade de fazer experimentações”.
Segundo o designer, o papel de esperança e credibilidade assumido pelas marcas, bem como a sua função como farol norteador dos anseios do consumidor, abre um leque de oportunidades para a fidelização de clientes. “Vender está fora de moda. A grande tendência é criar relacionamentos”, comentou.
De acordo com ele, é preciso criar fatores para que o consumidor queira efetivamente a marca, seguindo um processo que engloba envolvimento, encantamento, personalização e fidelização. Esse mesmo posicionamento tem que ser aplicado nas redes sociais, mostrando verdade e autenticidade, com rapidez, organização e senso de oportunidade.
O designer citou como exemplo a Coca-Cola, segundo ele a grande porta voz do envolvimento emocional com o consumidor. “Trata-se de uma marca que trabalha com maestria o universo do encantamento”, falou, enumerando programas desenvolvidos pela marca projetados no consumidor, como o Ecocycle (produtos reciclados feitos de PET e alumínio), Triple Play for Children (programa de educação infantil sobre nutrição) e o Climate Protection (que visa a preservação do meio ambiente).
Millenials impõem às marcas um novo comportamento
O Retail’s Big Show colocou no centro de debate o papel dos chamados millenials, faixa composta por pessoas entre 18 e 35 anos. Dados apresentados na Feira mostram que 41% deste público compra com iphone, 16% compra com ipads, 9% abandonou as lojas físicas, alterna 27 vezes por hora os aparelhos eletrônicos e 50% prefere o desemprego a desempenhar alguma atividade que não o satisfaça. “Esse novo público, um tanto quanto egocêntrico e compartilhador de informações e produtos, estabeleceu uma nova relação com as marcas e abriu oportunidades de comunicação”, diz Zeh Henrique.
Um exemplo dessa percepção é o programa de fidelização Shop Your Way, formatado pela loja de departamento americana Sears, cujos pontos acumulados podem ser usados em negócios locais. “Hoje o que importa é estimular a compra, ainda que isso signifique estendê-la a outras lojas”.
Homem moderno e vendas mobile trazem novidades ao varejo
Outro fator determinante no comportamento atual das marcas diz respeito ao papel assumido pelo homem na sociedade e sua atuação como pai presente e ativo. “A inserção do homem na rotina da casa fez disso um incentivo ao consumo. Ele adotou o universo online para comprar, por se tratar de um local em que ele não precisa perguntar nem improvisar, não precisa assumir que não sabe o que está fazendo e nem esperar”, explicou Zeh Henrique.
Estes clientes com perfil esbanjador, prático, impulsivo e displicente já chamaram a atenção de marcas como a Bonobos, loja masculina virtual que abriu uma estrutura física a fim de cadastrar os consumidores e criar padrões para compras futuras online; assim como a Thrillist, que faz curadoria e oferece dicas de produtos e serviços masculinos.
O ponto alto do Retail´s Big Show foram as vendas mobile, que apresentou um crescimento de 18% contra 3% das vendas off line. “Para os próximos cinco anos, o crescimento esperado para vendas online é de 400%. Aqui no Brasil, 1% das vendas utilizam este formato”, explicou Zeh Henrique, mostrando iniciativas como da Best Buy, que identifica o cliente ao entrar na loja e envia ofertas personalizadas e a Tesco, que permite o uso de mobile para fazer pedidos em quiosques fechados, entregando os produtos em casa no dia seguinte. “Índices mostram que 75% das vendas caem se não houver uma experiência mobile satisfatória, por isso as marcas têm que estar atentas e desenvolver soluções simples e eficientes também neste tipo de plataforma”, concluiu.