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Pela valorização dos anunciantes ao conhecimento e a experiência dos profissionais

9 de março de 2012


* Kal Gelbecke

O mestre Pablo Picasso estava em Paris, sentado ao ar livre, à mesa de um café, rascunhando um desenho. Um admirador que o reconheceu se aproximou emocionado e pediu encarecidamente que lhe fizesse um retrato.
Picasso aceitou e, rapidamente, com seu singular estilo, traçou o rosto do homem.

– Quanto é? – perguntou o homem ao artista.

– Dez mil francos.

– Dez mil francos? Mas como, se você só demorou dois minutos! – queixou-se seu  admirador.

– Não, você está enganado – afirmou Picasso. – Levou-me toda a vida.

O texto acima reflete a realidade do atual mercado publicitário: a falta de valorização dos anunciantes com relação aos conhecimentos e a experiência dos nossos profissionais.

Os publicitários e suas agências estão aprendendo que não basta colocar em prática sua principal vocação, a de criar e planejar campanhas, estão aprendendo a negociar seus rendimentos. Discutir a rentabilidade da agência é a nova realidade do mercado.

Nossos anunciantes estão colocando em primeiro plano seus novos profissionais da área de comunicação e marketing: o pessoal do departamento de compras.

Toda e qualquer campanha, ou um simples anúncio, vem acompanhado de negociação acirrada com “o compras”; sendo assim, logo vão nos propor algo do tipo: cobre uma e leve duas campanhas para criar ou, quem sabe, seremos consultados sobre qual é a oferta do dia. Esse processo sufocante fez com que as agências reorganizassem suas equipes, revisassem seus custos internos e recuassem nos investimentos em infra-estrutura. Em vez da criação, a busca pelo custo X benefício virou nosso maior desafio – nós que somos movidos por esta paixão que é a publicidade nos defrontamos agora com as rotinas burocráticas dos tais departamentos de compra.

Precisamos reagir, e sugiro começar lembrando aos anunciantes, e quem sabe, a algumas agências, que temos normas e leis, e principalmente outra grande vocação: a ética.

É fundamental que os anunciantes e seu novo departamento de marketing avaliem e reconheçam o trabalho realizado dentro das agências, conheçam os profissionais envolvidos e o árduo labor de criadores e de toda a equipe envolvida até mesmo para realizar aquele pequeno anúncio negociado furiosamente. Sem este conhecimento, facilmente cometem-se graves injustiças na hora de definir a remuneração ao trabalho que será realizado.

É importante lembrar aos anunciantes, veículos e fornecedores que, hoje, as agências movimentam perto de 4 bilhões anualmente (que não ficam na agência e sim no mercado), e geram mais de 350 mil empregos. E não paramos por aí. Temos uma grande responsabilidade com o futuro, uma vez que contamos com 160 mil jovens publicitários, recém-chegados ao mercado e ansiosos para colocar em prática sua paixão.

Nossa vocação para vencer desafios, conquistar espaços, criar movimentos, não há de se dobrar diante deste contexto, certamente, pois temos em nosso favor o grande diferencial das “idéias” – que levam-nos uma vida toda de experiências, como naquele desenho de Picasso. E é isso o que move todos os nossos negócios. Queremos, porém, respeito. Nossa vocação merece.

* O autor é publicitário e presidente do Sinapro/PR

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