Para Rodrigo Mencalha, médico veterinário e diretor da Faculdade de Medicina Veterinária CESVA-FAA, o segundo dia do Comdor 2019 é o mais representativo. “Porque a dor crônica é um tema novo para o veterinário. Todos sempre trabalhamos com dor aguda, já com a crônica, não tínhamos a definição deste conceito. Por exemplo, o animal envelheceu, portanto, é normal sentir dor. Hoje não, temos um foco diferenciado para esses pacientes”, explica.
Ele avalia que é um dia recheado de novidades, em sua primeira palestra “O que sabemos sobre os gabapentinóides em cães e gatos”, falará sobre esta classe de drogas que são antiepilépticas, usadas para o tratamento da dor. “Poucas pessoas conhecem e vou trabalhar com uma droga nova que, acredito, somente eu uso no Brasil, a pregabalina”, complementa. É um fármaco decorrente da medicina, que está começando a ser usado.
Na sequência falará sobre “Bloqueios analgésicos para alívio da dor crônica”, uma prática intervencionista do controle da dor. “Ao invés de se trabalhar com comprimidos e drogas convencionais, a proposta é injetar fármacos próximos ao local da lesão. Chamamos de medicina veterinária intervencionista”, explica. Irá falar, basicamente, sobre bloqueios. “É ousado, você tem um animal com dor crônica, ao invés de dar um comprimido, você vai anestesia-lo e dar uma injeção na medula. Algo que a medicina tradicional já aplica há muito tempo”, diz Mencalha.
Na avaliação do especialista, a Veterinária se espelha muito na Medicina. A dor não é uma especialidade, é uma área de formação, “você não pode se formar médico e ser um algologista, isto não existe. O que acontece é ter a formação, fazer uma especialização e então se tornar um profissional com área de formação em dor. A Medicina já possui consultórios especializados em dor”, explica. A Veterinária começou a se espelhar nessa realidade, pois viu o potencial. “Há três anos fundei o ambulatório de dor na Faculdade de Medicina Veterinária de Valença, porque estou mais focado na dor crônica. Uma vez por semana recebo encaminhamentos de todas as especialidades para ajudar no protocolo”, diz Mencalha. Ele ainda acha improvável que um médico veterinário trabalhe apenas com dor, pois não dá quórum para isso, “pois o cliente vai continuar procurando o seu veterinário e o profissional em casos mais crônicos vai encaminhar ao especialista”.
E para fechar o dia, Mencalha irá mostrar oito casos clínicos complicados que ele atendeu nos últimos anos, chama-se “Meus casos complicados no ambulatório de dor”.