O estudo da floresta

16 de abril de 2019


O Paraná possui cerca de 29% do seu território coberto por áreas florestais, nos biomas da Mata Atlântica e do Cerrado. As florestas plantadas correspondem a 5,4% deste espaço. Para apoiar a formulação de políticas públicas, estratégias e oportunidades para o uso sustentável das florestas, uma das principais ferramentas de conhecimento e levantamento de dados é o Inventário Florestal. “É uma prática adotada a florestas nativas e comerciais como forma de monitorar seus desenvolvimentos, cujos objetivos são variados”, diz a Engenheira Agrônoma Tayna Jornada Ben.

 

Os objetivos de um Inventário são estabelecidos conforme a utilização da área, já que sua aplicação pode acontecer tanto na esfera privada quanto na pública. No caso do mercado corporativos, as informações servem para verificar as condições para investimentos comerciais e planejamento do uso dos recursos florestais. Em situações com fins madeireiros, por exemplo, o inventário fornece dados como peso, área basal, volume, qualidade do fuste, estado fitossanitário, classe de copa e potencial de crescimento da espécie.

 

Já na gestão pública é um dos principais levantamentos realizados porque fornece informações sobre os recursos florestais. São avaliadas as condições e a qualidade das florestas e a sua importância para as pessoas. “O objetivo deste monitoramento é a conservação dos biomas, com o acompanhamento do desenvolvimento das árvores. Assim, conseguimos verificar se o bioma está em perigo ou se está se desenvolvendo dentro de uma naturalidade, com o menor impacto possível”, explica Tayna.

 

O Brasil possui mais da metade do seu território, 55%, coberto por florestas. É inegável que o crescimento econômico passa pela utilização sustentável desses locais, Por isso, o Inventário Florestal é fundamental para as empresas cujos negócios estão ancorados em sua exploração. O estudo pode envolver estimativa da área, descrição da topografia, mapeamento da propriedade, descrição de acessos, facilidade de transporte, quantidade e qualidade de diferentes recursos florestais e perspectivas de crescimento. E assim, definir quais espécies podem ser manejadas ou quais florestas têm potencial para produção ou conservação. Atualmente, há empresas especializadas em oferecer este tipo de serviço, que já se rendeu à tecnologia, com o uso de tablets para a coleta de dados em campo, aplicativos, inteligência artificial, sensores, sistema de monitoramento online, drones, entre outros. Os profissionais habilitados a realizar o estudo são engenheiros florestaria, agrônomos e, em alguns casos, ambientais.

 

“Se tivermos que estabelecer um conceito para o inventário florestal, podemos definir que são todas as mensurações ou dados quantitativos de amostras fixas ou aleatórias de parte de um florestamento ou de um habitat natural de floresta. Com base neste monitoramento, ou seja, neste levantamento de dados dessas unidades estabelecemos práticas florestais”, complementa a engenheira agrônoma. Com isso, seu uso se estende por diversas áreas, mas particularmente na gestão dos bens públicos, que estabelece regras de utilização dos locais. “A aplicação se justifica porque com base nos dados do inventário todos os setores envolvidos na floresta conseguem ter certeza sobre as intervenções necessárias, tanto de preservação quanto de exploração”, diz.

 

Paraná tem o seu primeiro Inventário Florestal

O Paraná concluiu recentemente o seu Inventário Florestal que, segundo a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, envolveu o levantamento de 550 Unidades Amostrais de Registro e mais de 10 mil amostras botânicas. Este estudo embasará as futuras políticas públicas com relação ao uso e manejo dos recursos florestais. A coleta de dados iniciou em 2013 e finalizou em 2017 e as informações foram levantadas em três componentes: análise da cobertura florestal, coleta de dados biofísicos e levantamento socioambiental.

 

Confira alguns dos resultados apresentados:

 

– A cobertura de florestas naturais do Paraná é de cerca de 5,8 milhões de hectares, ou seja, 29% do território. A Floresta Estacional Semidecidual é a tipologia predominante nas áreas classificadas como floresta natural, representando cerca de 47% das áreas de florestas naturais do estado;

 

– A mesorregião metropolitana de Curitiba tem a maior área coberta por florestas no estado, de 58% (2.309.215,80), enquanto Paranaguá tem o maior percentual de área coberta por florestas, de 77%. Morretes é o município com maior área coberta por florestas, de 85%;

 

– Foram encontradas 567 espécies, pertencentes a 265 gêneros e 86 famílias botânicas. E, também, foram encontradas 19 espécies ameaçadas de extinção;

 

– Cerca de 73% das árvores medidas no Paraná foram consideradas sadias, 17% apresentaram sinais iniciais de deterioração, 4% com comprometimento da sanidade e 5% se mostraram mortas em pé;

 

– Estimam-se que existam cerca de 1,2 bilhões de metros cúbicos de madeira estocados nas florestas do Paraná. E cerca de 178 milhões de toneladas de carbono armazenada abaixo do solo;

 

– Os frutos, o mel e o bambu são os produtos florestais não madeireiros mais utilizados no meio rural do Paraná. A erva-mate foi a espécie mais destacada pela utilização de suas folhas;

 

– 57% dos entrevistados no meio rural do Paraná usam o bambu e 85% afirmaram utilizar algum serviço da floresta. E 23% dos entrevistados consideram que a floresta contribui para a renda das suas famílias;

 

– O Paraná possui cerca de 1 milhão de hectares de florestas plantadas de pinus e eucaliptos, ocupando a terceira posição no ranking nacional.

***Matéria publicada na revista das entidades de classe do Crea-PR de Guarapuava

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