REPORTAGEM VEICULADA NO JORNAL GAZETA DO POVO, EM 22/02/2013
De Katia Bembrati
Luto
Imprensa perde a genialidade do jornalista Mussa José Assis, morto ontem aos 69 anos
Paulista de Pompéia, muito jovem se transferiu para Curitiba. Com formação em seminário, dominava o latim. Começou ainda adolescente o trabalho em uma tipografia. Como conta Aroldo Murá, que fez um perfil do jornalista, Mussa assumiu, com apenas 21 anos, a chefia do jornal Última Hora, em São Paulo, sob a batuta de Samuel Wainer. Foi chefe de personalidades como Jô Soares e Boris Casoy. Chegou a ser preso durante a ditadura militar.
Solidário
O ex-governador Paulo Pimentel, que foi dono dos jornais Tribuna do Paraná e O Estado do Paraná à época em que Mussa chefiava a equipe, diz que o amigo e funcionário sabia, como ninguém, conversar e convencer. “No período da ditadura, ele contornava sozinho o relacionamento com os militares que invadiam a redação para alterar os textos”, conta. Pimentel ainda destaca que o jornalista gostava de ajudar as pessoas. “Era solidário”, resume. Mussa deixou o comando dos jornais em 2009. Dois anos depois, já bastante doente, recebeu a Comenda Ordem do Pinheiro do Paraná.
Sobrinho, o jornalista José Antonio Assis Zerbetto só tem boas recordações dos 39 anos que atuou ao lado do tio. “Foi admirável trabalhar com alguém inteligente e sempre à frente do seu tempo. Ele era capaz de fazer uma leitura correta do momento, no jornalismo ou na vida”, relata. Zerbetto afirma que Mussa estava juntando materiais e arquivos para escrever um livro sobre o trabalho como jornalista.
Casado por 45 anos com Guiomar, com quem teve seis filhos – todos orgulhosamente formados na universidade. Francisco seguiu os passos do pai e virou jornalista. Construiu com as próprias mãos a casa de madeira em que morava numa chácara em Colombo, na Grande Curitiba. Nos últimos dois anos sentiu mais fortemente as consequências de um enfisema pulmonar. Mas não conseguiu deixar de fumar. Apagou o último cigarro antes de entrar no hospital. Desde a terça-feira de Carnaval estava internado.
O velório do jornalista acontece na capela 3 do Cemitério Municipal de Curitiba até as 16 horas. O corpo deve ser cremado e as cinzas jogadas na chácara onde morava.
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