Inovação na Educação Corporativa pauta edição do Bom Dia RH em Curitiba

2 de setembro de 2025


A Associação Brasileira de Recursos Humanos – Paraná (ABRH-PR) promoveu, nesta terça-feira (26), mais uma edição do Bom Dia RH, com o tema “Inovação na Educação Corporativa”. O encontro foi realizado na sede da Associação Comercial do Paraná (ACP), reunindo profissionais e especialistas em gestão de pessoas, inovação e tecnologia.

A palestra principal foi conduzida por Daniel Felix Delgado, mestre em Administração de Empresas, Inovação e Empreendedorismo Tecnológico. O especialista apresentou reflexões sobre os novos caminhos da educação corporativa, destacando tendências como jogos sérios, microlearning, realidade virtual e o uso da inteligência artificial para personalizar treinamentos.

A mediação do debate ficou a cargo de Gustavo Abib, professor associado da Universidade Federal do Paraná (UFPR), doutor em Administração e especialista em Gestão de Pessoas, Risco e Estratégia, que conduziu as interações entre palestrante e público.

Boas-vindas

A vice-presidente da ABRH-PR, Vera Mattos, deu as boas-vindas de forma descontraída, mencionando o clima chuvoso da capital. Ela aproveitou o momento para convidar os presentes ao XVIII CONPARH, congresso estadual de Recursos Humanos, que será realizado em 22 e 23 de outubro.

“Além das palestras magnas e painéis, teremos uma sala de experiência imersiva. Queremos proporcionar um ambiente de aprendizado inovador e participativo”, destacou. Para incentivar as inscrições, anunciou um cupom de desconto exclusivo aos participantes do evento.

Na abertura, Vinicius Corsini, supervisor comercial, parcerias e novos negócios da ACP, agradeceu a parceria com a ABRH-PR e destacou que muitos profissionais de RH ainda desconhecem os serviços oferecidos pela entidade. Ele citou soluções acessíveis para empresas, como o clube de benefícios da ACP, com mais de 2.000 descontos em Curitiba e região. Também apresentou a Faculdade do Comércio, projeto da ACP em parceria com associações comerciais de todo o Brasil, que oferece mais de 40 cursos de pós-graduação 100% online, com nota máxima no MEC.

Dinâmica teatral

A programação contou ainda com uma atividade prática conduzida por Orly Veras e Isabelle Crystina, da Cia Veras de Teatro. A dupla apresentou exercícios baseados em técnicas teatrais aplicadas ao ambiente corporativo, com foco no desenvolvimento de competências interpessoais.

Entre os benefícios da metodologia estão a melhoria da comunicação, liderança, criatividade, imaginação e trabalho em equipe. “O teatro é uma arte muito humana e, justamente por isso, uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento pessoal e profissional”, destacou Orly Veras.

Tecnologias que transformam

“Inovação não é sobre tecnologia em si, mas sobre como a usamos para transformar pessoas e organizações”. A frase de Daniel Delgado sintetizou o tom do encontro: provocação, prática e reflexão.

Ele trouxe exemplos concretos, como os chamados jogos sérios (serious games), utilizados pela plataforma OGG, pioneira no desenvolvimento de simuladores empresariais. A proposta vai além da gamificação tradicional. “Não basta dar pontos ou medalhas. O jogo sério conecta teoria e realidade, permitindo ajustar o processo em tempo real e desenvolver competências específicas”.

Segundo o especialista, os jogos sérios vêm se consolidando como uma das ferramentas mais eficazes para transformar conhecimento em prática, ao criar cenários reais e interativos. Além disso, os dados coletados se tornam aliados estratégicos para a tomada de decisão, estimulando colaboração entre profissionais de diferentes áreas, cargos e regiões.

Inteligência Artificial

Outro destaque foi a aplicação da inteligência artificial (IA) nos treinamentos. Daniel alertou sobre o charlatanismo em torno do tema, sobretudo da IA generativa.

“Desconfie de quem promete prever o futuro. A tecnologia deve ser usada de forma acessível, no dia a dia, e com propósito”, afirmou.

Ele destacou que a IA generativa amplia o potencial da educação corporativa ao oferecer hiperpersonalização adaptativa, com trilhas de aprendizagem ajustadas em tempo real e tutores virtuais disponíveis 24 horas por dia.

Produtos de prateleira já não dão conta de promover engajamento e integração. O diferencial está na capacidade de criar experiências relevantes e personalizadas, inclusive no feedback, que deve ser individualizado e voltado ao crescimento real do profissional.

Design de aprendizado

Para Daniel, a educação corporativa vai além do treinamento técnico: deve focar em tomada de decisão e autoconhecimento. Ele mostrou como ferramentas simples, de editores de imagem a planilhas compartilhadas, podem reduzir custos de capacitação. “Já criamos treinamentos gastando entre R$ 300 e R$ 500. O diferencial não está na plataforma, mas na base teórica e na organização do conhecimento”.

O palestrante criticou o modelo atual de treinamentos corporativos, que considera “chatos, genéricos e pouco eficazes”. A chave, segundo ele, está na personalização. Entre as tendências, destacou o microlearning — pílulas de 3 a 5 minutos de aprendizado — e o uso crescente do celular como principal meio de acesso.

Daniel também recuperou a famosa curva do esquecimento, de Ebbinghaus, lembrando que o conhecimento se perde rapidamente se não for revisitado. Sua defesa é pelo uso de revisões sistemáticas, apoiadas por plataformas digitais e ferramentas simples. “O segredo é relembrar, relembrar e relembrar. Só assim o aprendizado se torna duradouro”.

Personalização e engajamento

A interatividade foi outro ponto central. O palestrante defendeu a aprendizagem social, o modelo 70-20-10 e a valorização das comunidades de prática e da mentoria. “O ser humano continua no centro. Empresas que usam IA apenas para cortar custos e demitir perdem de vista a essência da inovação: criatividade, empatia e conexão”.

Ao falar sobre engajamento das novas gerações, Daniel compartilhou uma experiência vivida em um McDonald’s: após um atendimento desatento, optou por dialogar com a funcionária em vez de reclamar. “Ela mudou completamente a postura. Esse é o poder do diálogo. Treinamento não é imposição, é participação”.

Ele também comentou o impacto de tecnologias emergentes como realidade virtual e aumentada, já utilizadas para simular cenários de risco em empresas. “São experiências impossíveis de replicar em treinamentos tradicionais. E isso é escalável”.

No encerramento, voltou ao tema da personalização impulsionada pela IA: “É como ter um psicólogo organizacional virtual, que entende os dados, dá feedback e molda a experiência de cada pessoa. A tecnologia pode nos afastar ou nos aproximar, depende de como escolhemos usá-la”.

Otimizando custos, engajando pessoas e apostando em soluções personalizadas, Daniel

deixou uma mensagem clara no Bom Dia RH:
“O futuro da educação corporativa será construído pela combinação entre tecnologia, conhecimento humano e propósito.”

 

 

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