Fotógrafo de pessoas comuns

9 de fevereiro de 2011


 

Manoel Guimarães conta como transforma rostos comuns em capa de revista 

 

“Pessoas comuns que querem fotos incomuns, com iluminação publicitária e que não sabem posar”. É como o especialista em books fotográficos, Manoel Guimarães, resume o perfil dos seus clientes. O curitibano atua há 30 anos e conta ser apaixonado pela arte de fotografar anônimos. “Fotógrafo de pessoas comuns. Este é o meu lema e é como me defino profissionalmente”, explica.

Em 2010, Guimarães completou 40 mil books fotográficos e garante que em número de pessoas, o dobro já passou por suas lentes. “Estou no meu terceiro estúdio e desde os 18 anos, quando abri o primeiro, fotografo pessoas. Muita gente passou por aqui”, diz ao lembrar que a paixão pela fotografia surgiu aos 15 anos, quando fez um curso básico com o fotógrafo Ito Cornelsen. “Ali eu já me apaixonei por fotografia e três anos depois, quando passei no vestibular para Engenharia Elétrica, curso que não conclui, ganhei uma máquina profissional do meu pai e comecei a fotografar as amigas”.

Durante a faculdade Guimarães definiu a sua preferência dentro da fotografia, optando por retratar o ser humano, especialmente mulheres. Também determinou alguns traços únicos presentes até hoje em seu trabalho. Modelos com pouca produção e tratamento de imagens sem muitos retoques são as principais características das fotos clicadas por Guimarães. “A pessoa não é um cabide de moda, não transformamos o cliente em uma arara. Tentamos deixar as roupas mais casuais possíveis, para que ele se identifique como ele é normalmente. Este é o meu grande trunfo”, ressalta.

Guimarães diz se preocupar com pequenos detalhes e afirma que os resultados são deslumbrantes. “Quando eu comecei a fotografar notei que quanto mais acessório, mais coisas penduradas, mais as fotos ficavam antigas, ultrapassadas por causa dos acessórios. Compreendi que temos que deixar o mais simples possível. Um brinquinho de diamante após três anos continuará um brinquinho de diamante. Não cai de moda. Com simplicidade os clientes saem daqui felizes e com imagens de revista”.

Era digital e internet

A evolução da fotografia com a era digital e o boom da internet fez com que Guimarães adaptasse suas técnicas e a sua forma de trabalhar. O fotógrafo conta que em 2001 transformou todo o seu estúdio em digital e que as mudanças também foram vistas no contraste das imagens. “Na época eu só fazia imagens em preto e branco. A partir do digital comecei a utilizar mais a cor. As pessoas escolhem mais o colorido e com o digital você consegue fazer truques que não se fazia antes”. Guimarães explica que hoje 70% das fotos escolhidas são coloridas e comenta a sua preferência pelo preto e branco. “Gosto mais do PB porque enche menos o olhar, cansa menos, são menos detalhes, menos cor. A foto em preto e branco permite o realce do mais o claro, do escuro, das sombras. É mais puro, mais essência”.

Outra modificação proveniente da era digital pode ser vista no setor comercial do estúdio. Atualmente Guimarães atende 13 cidades além de Curitiba (Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Cuiabá, Goiânia, Porto Velho, Salvador, Apucarana, Blumenau, Foz do Iguaçu, Joinville e Londrina). Todo atendimento comercial é realizado de dentro do estúdio. Isso graças à internet. Guimarães observa que até o surgimento da internet, em cada cidade eu tinha um representante. “Hoje sou eu que me vendo daqui para o Brasil inteiro, por meio de agendamento online e solicitações pela internet. E com o apoio de quinze funcionários, sete no tratamento das imagens, cinco no comercial e três no administrativo”.

Novas linguagens, atualização e acompanhar a última geração de fotógrafos são alguns dos desafios enfrentados por Guimarães. “As gerações mais recentes são totalmente digitais, já nasceram no mundo virtual. Eu nasci analógico e por isso busco me atualizar sempre. Uma forma fácil e rápida é a pesquisa de imagens no Flicker e em sites de fotógrafos do mundo todo, que são ótimos”.

Guimarães mantém seu perfil no Flicker atualizado semanalmente e possui 170 imagens postadas. O fotógrafo explica que aproveita as facilidades proporcionadas pela internet para avaliar o seu trabalho. “O Flicker é maravilhoso. Eu jogo o meu trabalho lá, fotos pessoais e conceituais, e em seguida surgem as avaliações e comentários. Geralmente as mais simples são as que mais fazem sucesso e aquelas que você inventa muita onda, não rola”.

***Este texto foi produzido para a revista Grifo, publicada pelo Grupo Comunicare, que será distribuída em março.

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