Nos últimos meses, os canteiros da construção civil têm registrado acidentes de trabalho com frequência. Desmoronamentos, queda e situação envolvendo vazamento de gás resultaram em quatro sinistros em menos de dois meses, um deles com óbito de operário. A constante desperta o alerta para a reflexão sobre as práticas adotadas no que diz respeito a fatores de prevenção, manutenção de equipamentos e uso seguro de tecnologias para segurança. Um dos acidentes que endossou as estatísticas foi o que ocorreu em Ponta Grossa com um trabalhador, que acabou caindo de um andaime instalado na construção de prédio na região central da cidade. O homem foi salvo pelo EPI (Equipamento de Proteção Individual), o balancim. A corda que sustentava o andaime em que o operário estava acabou se rompendo, e o cinto de segurança que o trabalhador usava acabou evitando uma queda. O incidente ocorreu na altura do sétimo andar.
Balancim
A cadeira suspensa, chamada popularmente de balancim, é o equipamento cuja estrutura e dimensões permitem a utilização individual para realizar serviços em altura. De acordo com o agente fiscal do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR), engenheiro eletricista Mario Guelbert Filho, em quaisquer atividades em que não seja possível a instalação de andaimes, é permitida a utilização de cadeira suspensa (balancim individual). “A sustentação do balancim deve ser feita por meio de cabo de aço ou cabo de fibra sintética, sendo que este deve dispor de sistema com dispositivo de subida e descida com dupla trava de segurança, quando a sustentação for através de cabo de aço; além de sistema com dispositivo de descida, com dupla trava de segurança, quando a sustentação for por meio de cabo de fibra sintética”, ressalta.
Ainda, como explica Guelbert, deve-se cumprir os requisitos mínimos de conforto e segurança ao trabalhador previstos na Norma Regulamentadora da Associação Brasileira de Normas Técnicas/NR – ABNT) números 17 e 18, com sistema de fixação do trabalhador por meio de cinto. “O trabalhador deve utilizar cinto de segurança tipo paraquedista, ligado ao trava-quedas em cabo guia independente. A cadeira suspensa deve apresentar na sua estrutura, a razão social do fabricante e o número de registro respectivo no CNPJ. É importante destacar que é proibida a improvisação de cadeira suspensa”, alerta.
Ele explica que ainda é constatada em todo o Brasil a ocorrência de acidentes fatais com balancins, em geral por instalação inadequada, equipamento improvisado e falta de treinamento do trabalhador. “Para minimizar tais acidentes o empregador deve promover aos trabalhadores os exames médicos específicos periódicos e o treinamento com a emissão de registros e documentos que comprovem a ciência do trabalhador, com aptidão para utilizar o equipamento e executar atividades em altura”, esclarece. Também são importantes as especificações técnicas do fabricante quanto a montagem, operação, manutenção, desmontagem e às inspeções periódicas, sob a responsabilidade de trabalhador com a supervisão de profissional legalmente habilitado.
Acidente na escada rolante
Outro acontecimento que chamou a atenção da população e que teve muita repercussão foi o acidente que resultou na amputação de um braço de uma criança, após o descuido dos pais na escada rolante de um shopping. Apesar do ocorrido, a escada havia sido fiscalizada pelo CREA-PR, com identificação do responsável técnico pela execução dos serviços realizados, na ocasião da manutenção das escadas.
O facilitador do Departamento de Fiscalização (DEFIS) do CREA-PR, engenheiro civil Maurício Bassani, explica que, mesmo com todas as obrigações legais em dia, todo equipamento está sujeito a falhas. “A manutenção preventiva é a melhor opção e o risco de ocorrer uma falha é muito mais baixo”, considera, lembrando que são fechados contratos anuais de manutenção, com inspeções mensais realizadas pelas empresas responsáveis. “O correto é obedecer aos informativos de segurança existentes nos equipamentos, relativos à correta utilização dos mesmos”, finaliza Bassani.