O talk show Cenário político-econômico: tecendo visões para o futuro do Brasil encerrou a programação da manhã desta sexta-feira do XIV CONPARH e contou com a presença do jornalista Ricardo Boechat, que mediou a conversa com o ex-senador Pedro Simon e o economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central.
“O tema deste debate está presente em todas as conversas dos brasileiros. A política, que era tratada antes como se fosse exercida ou de interesse de marcianos, está nos radares de todos”, iniciou Boechat.
Para o economista Gustavo Loyola, o contexto de crise começa a dar sinais de reversão, observada pela mudança nas expectativas dos agentes econômicos. No entanto, por mais importante que seja a retomada moderada da confiança, ela não é suficiente para que a economia volte a crescer e engrenar efetivamente. “Para que isso ocorra, são necessárias condições objetivas em termos de políticas econômicas corretas, de um ambiente favorável ao desenvolvimento dos negócios, que se encadearão e trarão o processo de crescimento de volta à cena”, previu.
Segundo ele, a questão deve ser analisada em curto e longo prazo. Em curto prazo, as condições estão favoráveis à recuperação moderada da atividade econômica do país, visto que existe capacidade ociosa das empresas, um ajuste no mercado de trabalho grande perspectiva do Banco Central de iniciar um processo de queda das taxas de juros. “Ocorre um processo de recuperação cíclica, que é a tendência natural de retomada após a economia ter chegado ao fundo do poço. Mesmo essa recuperação depende de um fator crucial relacionado à política, a capacidade ou não do governo Temer de colocar nos trilhos o ajuste fiscal e a reforma da previdência com as adequadas regras de transição”, disse, acrescentando que isso seria o mínimo esperado para que haja a real retomada da confiança dos agentes econômicos.
No entanto, de acordo com Loyola, até agora ainda não foram vistas ações concretas, a não ser uma maior transparência do governo na questão fiscal, de mostrar orçamentos realistas e não mais dissimulados. Se analisada a questão em longo prazo, a situação se complicaria. “O Brasil precisa de reformas. Temos um ambiente inóspito ao desenvolvimento capitalista, com distorções a valer no sistema tributário e na legislação trabalhista, excesso de burocracia, insegurança jurídica e deficiências estruturais. É preciso políticos engajados com uma agenda de mudança e que possam levar o país a melhorar sua capacidade de crescimento e produtividade”.
O ex-senador Pedro Simon, colega de Gustavo Loyola na equipe de governo de Itamar Franco, iniciou sua apresentação dizendo que a instituição da República de Curitiba é uma cena inédita e que entrará para a História do Brasil. “Já tivemos crises imensas e passamos por diversos cenários, de ditadura, Diretas Já e democracia. Pela primeira vez, no entanto, os fatos estão sendo apurados, investigados, analisados e os culpados presos”, abordou. “Esta realidade é importante e está mudando os jovens, que crescerão com uma nova visão da sua responsabilidade perante a sociedade”.
Sobre o governo Temer, Simon elencou três pontos fundamentais para o seu sucesso: que o presidente Michel Temer garanta aos brasileiros que não é candidato à reeleição, que promova um grande entendimento com lideranças de todos os partidos e que jamais troque uma emenda por cargo. “Este é o momento mais importante da vida do Brasil. Estamos todos para vencer em nome do futuro da nação”, encerrou.