Fenômeno defende a comunicação convergente como forma de garantir a permanência dos nativos digitais na marca, assegurar a audiência do futuro e o sucesso dos negócios
Que tipo de informação buscam os nativos digitais? A resposta a essa pergunta significa a conquista e fidelização deste público, formado por pessoas que já nasceram inseridas no universo web e apresentam peculiaridades como consumidores de informação.
“Os nativos digitais, ou geração Z, não querem consumir nada em formato analógico e demandam inovações decorrentes da sua peculiar percepção sobre informação e linguagem”, explica a consultora em comunicação Marcella Rasêra Carneiro, diretora da Convergix-Consultoria e Treinamentos em Comunicação.
Ao contrário dos imigrantes digitais, os nativos captam as mensagens através da imagem em movimento, passando para a imagem fixa, seguida do som e, por fim, a atenção ao texto. Essa maneira diferente de decifrar sinais pede uma reformulação na forma das empresas se comunicarem com o mercado e com o consumidor.
“A velocidade da internet exige que as empresas trabalhem sua informação de maneira integrada e convergente. Ou seja, a notícia pode ser a mesma, mas a forma de apresentá-la deve considerar as especificidades de cada plataforma”, garante Marcella.
Cultura da convergência é realidade mundial
Este fenômeno é chamado de cultura da convergência, uma realidade nos Estados Unidos e na Europa e que solidifica de vez o fenômeno das mídias digitais em todo o mundo. “Grandes veículos e corporações pregam a cultura da convergência, onde todos os meios conversam entre si tendo como ponto central o leitor, ouvinte ou espectador. A sacada é ‘aprisionar’ o público e fazer com que ele circule por todas as plataformas da marca”, diz a consultora, jornalista de formação e Mestre em Comunicação.
Segundo ela, o caso mais emblemático de convergência jornalística foi a fusão, em 2002, das empresas americanas Time Warner Inc. com a American Online Inc. “Neste caso uniram-se uma empresa de mídia ‘tradicional’, que possuía jornais impressos, revistas, canais de televisão e gravadora, com um provedor de conteúdo de internet. O resultado foi o surgimento da AOL Time Warner, saudada como o marco inicial de uma era ou século da tecnologia da informação”, comenta.
Depois disso, muitas outras empresar implementaram planos de convergência jornalística e tornaram-se referências mundiais, como o Tampa News Center, Financial Times e The New York Times (Estados Unidos), Schibsted (Noruega), Guardian Media Group (Inglaterra), Clarín (Argentina) e o Grupo Estado de S. Paulo.
Para obter este resultado, é preciso que a informação seja trabalhada dentro das corporações por profissionais qualificados, que pensem de forma estratégica e tenham uma visão macro da comunicação. “É necessário, em primeiro lugar, entender o que este novo público quer, para, em seguida, fazer o chamado ‘reempacotamento da notícia’. Não basta um simples ‘copiar e colar’, o fluxo do conteúdo deve cativar o nativo digital para que o veículo não perca audiência ao longo dos anos”, ensina.
Ou seja, a televisão, rádio, internet e o braço online de veículos impressos têm que ser complementares, usando uns aos outros como elo de interconexão. “O grande diferencial é saber como trabalhar estes veículos de forma integrada e cooperativa. Por isso, a cultura da convergência pede a reorganização das redações jornalísticas e do processo produtivo da notícia, de forma a garantir a integração das equipes e a unificação da comunicação”, diz Marcella. “As grandes organizações que não fizerem isso estarão deixando de lado a audiência do futuro”, conclui.