Confira um resumo do primeiro dia do Congresso MedVep de Especialidades Veterinárias 2017, realizado até quinta-feira no Expotrade e que tem mais de 400 palestras em sua grade:
– Importância das fibras no combate à obesidade animal
Pesquisas apontam que 25% a 50% da população mundial de cães e gatos são obesos, principalmente porque são sedentários se alimentam de maneira errada, com baixo teor de fibras e alta concentração de calorias. O quadro foi apresentado pela médica veterinária Manuela Fischer durante a palestra “A importância da fibra nas dietas para cães e gatos”.
Segundo ela, especialista em Nutrição, as fibras são componentes fundamentais na dieta de cães e gatos que enfrentam a obesidade, porque aumentam a saciedade, possuem baixa caloria e influenciam beneficamente o trato gastrointestinal dos animais.
“A dieta rica em fibra proporciona a redução do peso do cão e do gato, e não há necessidade de o tutor diminuir a quantidade de alimento”, frisou a veterinária. Manuela ainda recomenda alta ingestão de fibras em cães e gatos diabéticos, porque outra função desse nutriente é o controle da glicemia.
Manuela observa que uma dieta com ração de alta concentração de fibras auxilia em outras patologias como, por exemplo, controle de diarreias. “Também são imprescindíveis para a saúde do animal e, consequentemente, para uma melhor qualidade de vida”, disse.
– Mercado de trabalho é promissor para veterinários que praticam a acupuntura
“A acupuntura, apesar de ser uma medicina milenar e eficaz no tratamento de várias doenças, ainda é uma terapia desconhecida por muitos donos de animais”, destacou a médica veterinária Caroline Torres Silva Dias, em sua palestra “Acupuntura veterinária e o mercado de trabalho”.
De acordo com ela, a medicina tradicional chinesa tem trazido inúmeras contribuições à medicina e também para a saúde e qualidade de vida de cães, gatos e outros animais, mas o médico que deseja ser especialista deve ficar atento a alguns fatores para que seu trabalho surta o efeito desejado.
Caroline disse que o mercado de trabalho é promissor para o médico veterinário que deseja seguir por esta especialidade. “No entanto, ele precisa, além do conhecimento sobre o assunto, ter persistência, sensatez e boa relação com o mercado, adorar o que faz e também se relacionar com gente”, apontou.
A veterinária também recomendou um olhar para dentro de si mesmo. “Você é o que você mostra e não o que você sabe. Conhecimento não é um diferencial”, assegurou Caroline. Para ela, além de estudar com mais profundidade a acupuntura e ter em mente que o cliente, a maioria, não conhece as técnicas da terapia chinesa, e por isso deve dominar a aplicabilidade desta ciência, o médico, tanto o generalista quanto os especialistas, devem inovar e empreender.
“Estudar áreas diversificadas como, por exemplo, marketing, administração e oratória, ter autoconhecimento, organizar as ideias e planejar as ações farão a diferença em sua atuação”, observou a veterinária.
– Cães e gatos têm emoções comparáveis aos dos seres humanos
A doutora em ciência animal Temple Grandin, após anos de estudos, afirmou que os animais pensam como os autistas. Diagnosticada com autismo, a autora do livro “Na Língua dos Bichos”, argumenta que as emoções são comparáveis aos dos seres humanos, e para identificá-las é necessário aprender o comportamento normal destas espécies.
A informação foi dada pela médica veterinária Mara Liz Graczkowski na palestra “Como conhecer as emoções nos animais”. Especialista em homeopatia, ela observa que cães e gatos pensam como uma criança de três anos. “Os animais experimentam emoções e sensações como os seres humanos, dentre elas, podemos citar medo, raiva, tristeza, alegria e afeto, e mostram com expressões facilmente verificadas”, coloca.
Para os médicos veterinários homeopatas a emoção é materializada por sinais e sintomas relacionados ao estado mental do paciente, que acabam se tornando físicos. Embora não possa falar, é por meio suas emoções e conhecendo a espécie que o veterinário acaba se baseando para prescrever o tratamento. “E é preciso ficar atento às informações que o dono ou cuidador fornece ao médico. Muitas vezes, ele está falando de si ou de outras pessoas”, acentua Mara Liz.
Também tem casos que o animal reflete a personalidade de seu dono. “Isso é muito comum”, admite. A comunicação limitada entre médico e animal ainda é o principal obstáculo na área. Mas a médica garante que cães e gatos não podem ser tratados como “bichinhos de pelúcia”, e enfatiza que ainda bem que esta postura está mudando. As pessoas estão prestando mais atenção também nas emoções de seus pets e nos sinais que demonstram.
Mara Liz acredita que os animais expressam sim emoções e os sinais são facilmente notados. “Observando o comportamento deles podemos saber se um cão ou gato está triste, alegre, com dor, zangado, surpreso”, assinala.
– Carboidratos são importantes na alimentação de cães e gatos
O médico veterinário Aulus Cavalieri Carciofi abordou em palestra o aproveitamento do carboidrato em dietas para cães e gatos. Ele defende que a alimentação completa para os pets deve apresentar quantidades balanceadas e proporcionais de nutrientes, entre proteínas, minerais, vitaminas e carboidratos. Consumidas todos os dias, beneficiam o perfeito funcionamento do sistema imunológico. Na falta de qualquer um deles, há uma deficiência na resposta imunológica do animal, podendo facilitar o aparecimento de doenças.
Cães e gatos saudáveis se alimentam com ração balanceada que permite uma boa digestibilidade e um aumento da palatabilidade do animal. Na maioria das rações extrusadas, os amidos constituem a maior fonte de energia. “Suas características nutritivas dependem da composição dos seus açúcares, de seus tipos de ligação química, de fatores físico-químicos de digestão e de seu processamento”, explicou.
Na palestra, o veterinário apresentou o resultado de pesquisas científicas, demonstrando altos coeficientes de digestibilidade do amido, com valores superiores a 98,5% para os cães e 94% para os gatos. “Nota-se que mesmo felinos podem digerir adequadamente ingredientes amiláceos, desde que estes estejam adequadamente processados”, pontuou.
Aulus assinalou que a ingestão de carboidratos não se relaciona com o aumento de peso. “A obesidade está mais associada ao confinamento, sedentarismo e à castração do que com o consumo deste macronutriente”, acentuou. Em caso de gatos obesos e para reduzir o peso, é interessante substituir o amido pela proteína, além de introduzir exercícios no tratamento. Ele esclareceu que se o cão obeso ficar diabético é uma coincidência. “Em gatos, a obesidade é a causa do diabetes”, observou.