O entendimento da violência como questão de saúde pública foi o tema de debate na subplenaria A construção de uma cultura de não-violência urbana com o desenvolvimento humano e qualidade de vida, inserido na programação do segundo dia da 22ª Conferência Mundial de Promoção e Educação na Saúde.
Com a mediação de Marcia Faria Westphal, as considerações foram feitas pelas referências Avamar Pantoja, fundadora e diretora geral do Centro de Ópera Popular de Acari no Rio de Janeiro, Silvia Ramos, doutora em Saúde Pública e pesquisadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESEC), Juan Carlos Vezzulla, mediador de conflitos e presidente do Conselho Científico do IMAP e Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres.
Os dados trazidos sobre o Brasil são, como classificou Nadine, “dados do terror”. O país tem um dos maiores índices de homicídio intencional e é o 5º no ranking mundial de feminicídio. Segundo Silvia Ramos, o poder público é fraco em relação a medidas efetivas para solucionar os problemas e “as melhores respostas têm vindo da própria sociedade civil”.
“Nesse país, cheio de violência e conflitos e com tão poucas respostas, estamos apenas engatinhando em práticas de mediação de conflitos e justiça restaurativa. O que a gente fala? Vem redução da maioridade penal, todo mundo para a cadeia. Vamos prender, vamos arrebentar, põe mais polícia e é com isso que a gente está chegando aos 60 mil (homicídios intencionais) todos os anos”, disse a pesquisadora.
Trazendo a importancia da mediação de conflitos na questão da segurança, Vezzulla destacou o papel da polícia, da sociedade civil em si e do respeito, reforçando que a segurança é uma construção coletiva que depende desse tripé, bem como de todas as outras esferas sociais trabalhando em prol da comunidade. “Respeito não é considerar alguém pelo que fez, pelo que faz, respeito é pensar o outro igual a mim. Temos que implementar o respeito em nós mesmos. Preconceito mata. Os modelos de ser humano matam. Então devemos amar a todos, como são”, finalizou.
Nadine instigou sobre a quantidade de vítimas que sofrem com a violência no Brasil e a banalização social em relação aos números. “70% das mulheres têm medo de andar pelas ruas, sair ou chegar em casa depois que escurece, e no transporte público. Uma a cada três mulheres sofreram ou vão sofrer algum tipo de assédio.”
Ao final, os participantes fizeram comentários que acrescentaram ao debate em relação às necessidades de reconfigurações socio-culturais para que a sociedade progrida e busque a segurança, o bem-estar e a equidade.