Estabelecida pela Organização Mundial da Saúde, a iniciativa
reduz complicações e mortes relacionadas a intervenções cirúrgicas
Todos os anos são realizadas no mundo mais de 230 milhões de cirurgias, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde – OMS. Estudos sugerem que complicações pós-operatórias ocorrem em 3% a 25% das cirurgias, o que pode levar a internação prolongada ou sequela dos pacientes, dependendo da complexidade do procedimento e do hospital. Essas taxas significam que, anualmente, pelo menos 7 milhões de pacientes podem ter complicações após se submeter a operação, com taxas de mortalidade de 0,4% a 0,8% dos casos, ou seja, 1 milhão de óbitos.
Diante desse panorama preocupante, a OMS estabeleceu e dissemina mundialmente os chamados Desafios Globais pela Segurança do Paciente. Um deles foca as infecções relacionadas com a assistência à saúde. Direcionado à educação dos profissionais de saúde de todos os continentes, se refere, por exemplo, à questão da higienização correta das mãos. O outro está ligado à redução de complicações e da mortalidade relacionadas a procedimentos cirúrgicos, que se materializou com a criação do Protocolo de Cirurgia Segura, um checklist, desenvolvido por especialistas vinculados à entidade e lançado em 2008.
A iniciativa “Cirurgia Segura Salva Vidas” está presente em dezenas de países, incluindo o Brasil, e vem colaborando com mais de 200 ministérios de saúde, sociedades médicas nacionais e internacionais e organizações profissionais para reduzir a mortalidade e as complicações no tratamento cirúrgico.
Para o médico Christiano Claus, do Instituto Jacques Perissat (IJP), uma das principais clínicas de cirurgia minimamente invasiva do aparelho digestivo de Curitiba, a utilização do Protocolo de Cirurgia Segura reduz em aproximadamente 50% os riscos de morte, de complicações gerais e de infecções no sítio cirúrgico. “O protocolo se destina a checagem rotineira de vários itens de um procedimento cirúrgico. Na sua maioria são simples como, por exemplo, confirmação da cirurgia e lado a ser operado, necessidade de antibióticos, alergias do paciente, reserva de sangue e materiais cirúrgicos. O processo é semelhante ao aplicado na aviação, verificação de rotina para diminuir riscos e prejuízos”, observa o cirurgião. “Se fossem adotadas listas de verificação de cuidados e ferramentas de segurança, como o protocolo da OMS, metade do número de complicações cirúrgicas seria evitada”, avalia.
Claus destaca que o centro cirúrgico do IJP aplica o protocolo nos procedimentos para aumentar os padrões de qualidade do atendimento, prevenir doenças e promover a segurança dos pacientes. “A adoçào do protocolo por médicos, clínicas e hospitais garante a prestação de cuidados seguros e, consequentemente, a eficácia dos procedimentos”, observa o médico. Ele frisa que a adoção do protocolo está melhorando a segurança da assistência cirúrgica no mundo porque define um conjunto central de padrões que pode ser aplicado em todos os países e cenários.