Sustentabilidade não é mais opção, é cultura organizacional

21 de agosto de 2025


Cada vez mais, a sustentabilidade deixa de ser um diferencial competitivo para se tornar um verdadeiro compromisso humano e cultural dentro das organizações. Essa transformação, segundo o presidente do Advisory Board do Mestrado Profissional em Gestão para a Competitividade (MPGC) da FGV/EAESP, Sandro Benelli, começa quando deixamos de tratar o tema como um “projeto” ou “área isolada” e o integramos como um valor transversal que permeia toda a empresa.

Um levantamento recente da Deloitte, intitulado Sustainability and Purpose (2023), mostra que organizações que integram sustentabilidade ao modelo de negócio têm 46% mais probabilidade de engajar talentos e 32% mais chances de crescer acima da média do setor. O Grupo Natura é exemplo disso: desde os anos 1990, incorpora metas de impacto positivo em toda a cadeia produtiva — do design dos produtos aos bônus dos executivos.

 Rituais organizacionais

Para que os valores sustentáveis façam parte do DNA organizacional, é necessário mais do que discursos. A incorporação de valores se dá por meio do exemplo, da repetição e da coerência. “Três mecanismos são fundamentais: os rituais organizacionais, os processos de onboarding de novos colaboradores e o reconhecimento vinculado a atitudes sustentáveis”, pontua Sandro.  Ele cita o caso da Veolia, multinacional de serviços ambientais como referência. “Até mesmo motoristas da coleta se veem como agentes da transição ecológica, tamanha a imersão cultural”.

A liderança tem papel decisivo na construção de um legado sustentável que ultrapasse os ciclos de gestão. “Líderes conectam presente e futuro. Empresas com propósito guiado pelo topo têm 3,5 vezes mais chances de manter a coerência após trocas de liderança, segundo a Harvard Business Review (2024)”, aponta. Paul Polman, ex-CEO da Unilever, é citado como exemplo de liderança transformadora ao priorizar metas de impacto em vez de relatórios trimestrais.

Práticas sustentáveis

Equilibrar metas de desempenho econômico com ações de impacto ambiental e social também é possível — e necessário. “A chave está na integração, não na compensação”, afirma Sandro. De acordo com a McKinsey (2022), práticas sustentáveis bem desenhadas podem reduzir custos operacionais em até 60%. Um exemplo prático vem da Ambev, que, ao redesenhar seus processos, reduziu em 50% o uso de água, economizando milhões e fortalecendo sua reputação.

Por fim, Sandro reforça que as práticas sustentáveis mais significativas são aquelas que moldam cultura e permanecem no tempo. “Educação contínua, diversidade, modelos regenerativos e impacto comunitário constroem esse legado.” O Instituto C&A, por exemplo, capacita mulheres na cadeia têxtil, promovendo inclusão produtiva e transformações que ultrapassam gerações.

“Sustentabilidade é mais do que estratégia: é herança. Ela se expressa em decisões que respeitam a vida, o tempo e a dignidade. Organizações verdadeiramente sustentáveis se tornam bons ancestrais corporativos — responsáveis não apenas por lucros, mas pelas vidas que tocam e pelos futuros que ajudam a construir”, conclui.

 XVIII CONPARH

Sandro Benelli está confirmado como palestrante do XVIII Congresso Paranaense de Recursos Humanos – CONPARH 2025 – “Tudo que só o humano pode fazer”. Ele vai abordar o tema “Sustentabilidade como compromisso humano e legado organizacional”.

O evento, promovido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos do Paraná – ABRH-PR, acontecerá nos dias 22 e 23 de outubro, no Viasoft Experience, em Curitiba.

Mais informações: https://conparh.com.br/

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