Sustentabilidade humana e legado transformam a gestão

22 de outubro de 2025


A sustentabilidade transcendeu a pauta ambiental e se consolidou como um compromisso humano e cultural essencial para a competitividade e a atração de talentos nas organizações. A visão de que uma organização sustentável é aquela que cuida do planeta, mas, antes de tudo, cuida das pessoas” domina o debate atual na área de Recursos Humanos.

A afirmação é do especialista Sandro Benelli, durante palestra no XVIII CONPARH, apresentada no Auditório Aleo. De acordo com ele, a chave para o sucesso é a integração. “A sustentabilidade deixou de ser apenas um diferencial competitivo para se tornar um verdadeiro compromisso humano e cultural dentro das organizações. Essa transformação começa quando paramos de tratar o tema como um ‘projeto’ ou ‘área isolada’ e o integramos como um valor transversal que permeia toda a empresa”, declarou.

Ele citou um levantamento da Deloitte que comprova a eficácia dessa abordagem: organizações com sustentabilidade integrada ao modelo de negócio têm 46% mais probabilidade de engajar talentos e 32% mais chances de crescer acima da média do setor.

Capital humano

O engajamento dos colaboradores está diretamente ligado à gestão sustentável. Pesquisas indicam que empresas que integram a sustentabilidade à gestão de pessoas observam um índice de engajamento de até 39%, e que o “propósito sustentável é um dos principais fatores de retenção de talentos”. Uma pesquisa GPTW 2024 corrobora que mais da metade dos profissionais de RH enxerga a sustentabilidade como fator primordial para reter colaboradores.

Sandro destacou os principais eixos de atuação que envolvem a sustentabilidade da pessoa e do comportamento humano. O primeiro é bem-estar e saúde mental, investindo em programas de apoio psicológico, pausas inteligentes e horários flexíveis. “Um exemplo é a Natura. Não é apenas uma obrigação, mas uma estratégia economicamente inteligente, pois, segundo a McKinsey, empresas que investem em bem-estar têm redução de 25% no turnover”, informou.

Em seguida, vêm diversidade, equidade e inclusão (DE&I). “É um compromisso humano porque garante justiça, oportunidade e representatividade”, disse, citando o Grupo Boticário, que assumiu metas públicas de 50% de lideranças femininas até 2030.

Outro eixo é aprendizado contínuo. “Acredito que investir em educação para transformar pessoas é a melhor receita, sendo um pilar crucial para o desenvolvimento do capital humano”.

A nova geração de líderes e consumidores reforça a urgência do tema sustentabilidade humana. A Geração Z, que em breve será a maioria entre os CEOs, valoriza o propósito, com 77% dos jovens avaliando a política de sustentabilidade antes de aceitar um emprego. Sandro alerta que, se a empresa “não tem valor para a Geração Z, ela não se interessa”.

Guardião do legado

Segundo Sandro, o papel do RH vai além do operacional, posicionando-o como agente de transformação e guardião da cultura organizacional. Trata-se de construir um legado organizacional sustentável, que transcende o patrimônio financeiro. “O legado não é apenas patrimônio financeiro, mas os valores, práticas e impactos que permanecem após a saída dos líderes ou a mudança de gerações”, explicou.

Para isso, o RH deve ser o conector que transforma o discurso do propósito em prática e o mediador entre curto e longo prazo. Ele destacou que as ações práticas envolvem inserir a sustentabilidade nas políticas de recrutamento, já que o LinkedIn aponta que “empresas com forte reputação ESG atraem 50% mais candidatos qualificados”. Além disso, é importante promover “embaixadores de sustentabilidade” dentro da empresa e treinar líderes para conectar propósito ao dia a dia.

Sandro concluiu sua apresentação enfatizando que “o maior legado que uma organização pode deixar é ser lembrada por ter cuidado das pessoas e do mundo em que atua”.

 

Texto: Básica Comunicações

Fotos: Leandro Provenci e Gian Galani

 

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