Congresso apresenta benefícios da especialidade e programa Mastigue Bem, parceria entre ABFCOC, Governo, Prefeitura e SESC
A Ortopedia Funcional – especialidade odontológica que atua na área de oclusopatias corrigindo o desenvolvimento das arcadas dentárias a partir do uso de técnicas simples – será inserida na rede de saúde pública paranaense através do Programa Mastigue Bem, iniciativa da Academia Brasileira de Fisiopatologia Crânio-Oro-Cervical em parceria com o Governo do Estado, Prefeitura Municipal de Curitiba e SESC. O programa envolve na primeira fase o serviço de informação sobre a importância da correta mastigação para crianças; o treinamento de profissionais de saúde, a elaboração de estudos e levantamentos epidemiológicos e estatísticos. Na segunda etapa, acontecerá o treinamento e atuação dos dentistas, interceptando más oclusões através de técnica criada pelo Odontólogo Pedro Planas, que consiste em pistas diretas aplicadas aos dentes para auxiliar no melhor desenvolvimento das arcadas dentárias, evitando, em muitos casos, a necessidade do uso de aparelhos. A última etapa consiste no treinamento e ação dos dentistas no tratamento ortopédico funcional.
O assunto estará em pauta na programação da XVII Reunião Científica Anual ABFCOC – Academia Brasileira de Fisiopatologia Crânio-Oro-Cervical, realizado de 25 a 28 de agosto no Hotel Sheraton-Four Points, em Curitiba. Direcionado a profissionais da saúde (odontologistas, médicos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos), gestores municipais e sociedade em geral, o evento é promovido pela ABFCOC, com apoio do Governo do Estado do Paraná, em parceria com a Prefeitura Municipal de Curitiba, SESC, Conselho Regional de Odontologia, Associação Brasileira de Odontologia, Associação Paranaense de Ortodontia e Associação Paranaense de Ortopedia Funcional.
Entre os palestrantes, destaque para as presenças de Marcos Nadler Gribel, especialista em Ortodontia Funcional dos maxilares e Ortodontia pelo Conselho Federal de Odontologia e um dos fundadores da ABFCOC, falando sobre “Tecnologias 3D à disposição dos ortopedistas funcionais, ortodontistas e cirurgiões na atualidade”, e de Wilma Alexandre Simões, Doutora em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia da Universidade Cruzeiro do Sul e autora do livro “Ortopedia Funcional dos Maxilares Vista Através da Reabilitação Neuro-Oclusal”, que também coordena o Simpósio.
Audiência pública
Na terça-feira (28), das 8h às 18h, no Teatro Guaíra, acontecerá uma audiência pública aberta à sociedade para esclarecer sobre o programa Mastigue Bem, os benefícios da Ortopedia Funcional, bem como orientar profissionais e mesmo os pais sobre a prevenção de problemas relacionados à oclusopatias. Na programação, palestras sobre Tratamento das Mordidas Alteradas em Crianças Até Seis Anos com Pistas Diretas Planas (8h30), Mordida errada na infância: Mudando Hábitos Reduzindo Riscos (9h20), Ortopedia Funcional dos Maxilares dos Oito aos Oitenta (10h20), Ortopedia Funcional dos Maxilares- Aplicações e Efeitos (11h), Diagnostico 3D e Tratamento de Fraturas Condilares com OFM (14h), Como Tratar Cefaléias com OFM (14h40), Benefícios e Abrangências da OFM em todas as Oclusopatias (15h45).
História e benefícios da Ortopedia Funcional
Altamente difundida na Europa há mais de 50 anos (surgida na Alemanha e na Espanha do pós-guerra), a Ortopedia Funcional existe como especialidade há 12 anos no Brasil e sua inclusão na rede pública tem o potencial de fomentar a cura ou a diminuição de oclusopatias, assim como a prevenção de problemas da articulação temporo-mandibular, norteada pelas diretrizes de prevenção, interceptação e correção de forma funcional. “O Programa Mastigue Bem atuará primeiramente na prevenção de problemas relacionados às oclusopatias funcionais, por meio da mobilização de profissionais de saúde e educação orientando e mostrando na prática a importância de mastigar bem, e que essa mastigação correta diminui em muito a instalação de problemas”, explica a Odontóloga Jeanne Marie Fujii Kato, uma das organizadoras da Reunião e presidente da ABFCOC. “Assim, o programa pretende contribuir com a expansão das ações da Odontologia na saúde pública e se integrar às demais práticas de saúde e aos processos sociais em que ela se insere”.
A Ortopedia Funcional trabalha diretamente com a função da boca e envolve a prevenção, ensinando a boa alimentação, mastigação correta (realizada dos dois lados), respiração adequada (uma vez que a respiração bucal preconiza uma musculatura em posição errada), itens fundamentais ao bom desenvolvimento das arcadas dentárias.
Os aparelhos ou pistas utilizados pela Ortopedia Funcional são diferenciados e envolvem ajustes e desgastes, que, devido à angulação especial, ajudam a devolver ao paciente uma mastigação boa e vigorosa, dando condições de um bom desenvolvimento das arcadas dentárias. “A proposta do programa é capacitar o profissional da rede pública ou privada para verificar imediatamente esses sinais, a fim de evitar o desenvolvimento de problemas”, fala Jeanne. “A população tem o direito de saber que a mastigação e a respiração estão diretamente ligadas ao desenvolvimento correto das arcadas dentárias. E tudo isso pode ser feito”, diz, acrescentando que na maioria das vezes os ortodontistas recebem o paciente já com o problema instalado. “A Ortopedia Funcional é uma ferramenta auxiliar às demais áreas, inclusive na parte de prevenção junto aos odontopediatras. Um trabalho multidisciplinar focando na prevenção contribuirá com a saúde bucal da população infantil e adulta”, finaliza.
