FIMAN 2025 destaca o poder funcional da mandioca para a saúde intestinal em palestra de pesquisadoras renomadas

27 de novembro de 2025


A tarde desta quarta-feira na FIMAN 2025 trouxe uma das palestras mais aguardadas do evento: “Uso de fibras da mandioca na alimentação – do campo ao intestino: potencial funcional e prebiótico da mandioca e de seu bagaço no Noroeste do Paraná”. A apresentação foi conduzida pela Prof.ª Dra. Marney Pascoli Cereda, da Universidade Dom Bosco (MS), e pela Prof.ª Dra. Tatiana Colombo Pimentel, do IFPR – Campus Paranavaí, que compartilharam resultados inéditos sobre o potencial da mandioca e de seus resíduos como alimentos funcionais.

A fala da professora Tatiana evidenciou os avanços de um estudo que investigou a ação prebiótica da mandioca em pó na microbiota intestinal. Para isso, as pesquisadoras analisaram diferentes variedades da raiz (duas do IDR-Paraná e duas provenientes da Paraíba) e realizaram uma caracterização detalhada de sua composição. Em ensaios realizados in vitro com fezes humanas, elas observaram que a mandioca possui capacidade de estimular bactérias benéficas, como lactobacilos, bifidobactérias e enterococos, ao mesmo tempo em que reduz micro-organismos associados a desequilíbrios intestinais, como a família Lactospiraceae, frequentemente alterada em pessoas com diabetes.

“Percebemos que a mandioca em pó atua, sim, como prebiótico. É um indicativo muito forte, embora ainda precisemos avançar para estudos em humanos”, explicou Tatiana. Ela destacou ainda que os efeitos positivos se relacionam à alta concentração de fibras e oligossacarídeos presentes na raiz – compostos capazes de serem utilizados somente pela microbiota “boa”, favorecendo o equilíbrio intestinal.

Além da avaliação da mandioca in natura, as pesquisadoras apresentaram um estudo inovador sobre a utilização do bagaço gerado na produção de fécula. Um resíduo pouco aproveitado e restrito, em alguns períodos do ano, à alimentação animal, o bagaço demonstrou alto potencial para proteger culturas probióticas utilizadas na indústria.

“Hoje, as empresas usam fruto-oligossacarídeos da chicória, que são caros e importados. Nós comparamos com o bagaço de mandioca e observamos a mesma capacidade de proteção”, explicou Tatiana.

Os testes incluíram ainda a incorporação dessas culturas probióticas em leite de castanha de caju, uma alternativa para pessoas intolerantes à lactose ou que buscam produtos não lácteos. O resultado surpreendeu: melhor desempenho sensorial, estabilidade dos compostos voláteis e maior sobrevivência dos micro-organismos, inclusive após a simulação do trânsito gastrointestinal — ou seja, um probiótico plant-based capaz de chegar vivo ao intestino.

As implicações dos estudos apontam benefícios especialmente relevantes para pessoas com problemas intestinais, diabéticos, intolerantes à lactose e celíacos – estes últimos grandes consumidores de produtos derivados da mandioca por não poderem ingerir trigo.

Embora ainda não existam testes in vivo com voluntários, a qualidade dos resultados laboratoriais trouxe otimismo à plateia e reforçou o potencial da mandioca como um alimento funcional de alto impacto. “É um caminho promissor, e estamos mostrando que a mandioca, tão presente na rotina brasileira, tem muito mais a oferecer do que se imagina”, concluíram as pesquisadoras.

Lembrando que amanhã, 27 de novembro, é o último dia da FIMAN 2025. A programação começa às 9h com o Seminário sobre Produção de Material de Plantio e Rede Reniva.

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