Anderson Scardoelli

O jornal O Estado de S. Paulo – que há mais de 400 dias não pode citar informações sobre a investigação da Polícia Federal contra Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) – sofreu mais uma perda na Justiça. O Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) decidiu que o Estadão e mais 83 veículos de comunicação não podem mais noticiar a investigação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que cita o governador tocantinense, Carlos Gaguim (PMDB).

A decisão foi anunciada na sexta-feira (24/9) pelo desembargador Liberato Póvoa, que acolheu o pedido da coligação Força do Povo, que apoia a reeleição de Gaguim. De acordo com o desembargador as notícias divulgadas pela mídia eram “difamatórias e atentatórias”.

“Determino que todos os meios de comunicação abstenham-se da utilização, de qualquer forma, direta ou indireta, ou publicação dos dados relativos ao candidato (Gaguim) ou qualquer membro de sua equipe de governo, quanto aos fatos investigados”, disse Póvoa, em sua decisão.

Situação do jornal
Ricardo Gandour, diretor de conteúdo do Estadão, diz que a decisão do TRE-TO é um absurdo. De acordo com ele, além de prejudicar o jornal, e os outros veículos de comunicação, a “censura” atinge o público, que fica sem notícias do governador. Para o diretor do diário, a imprensa tem que ser responsável pelo que publica, mas sendo livre e aprendendo “a viver com essa liberdade”.

“É lamentável essa postura de que a imprensa não pode isso ou aquilo. O papel da imprensa é justamente divulgar o que fica escondido”, afirma Gandour.

Abert repudia “censura prévia”
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) repudiou a decisão do TRE-TO. Segundo a entidade, o desembargador Póvoa “impôs censura prévia”.

Os censurados
Entre os 84 veículos de comunicação que estão proibidos pela Justiça Eleitoral de divulgar informações sobre a investigação que envolve o governador Gaguim estão a Rede Record; TV Bandeirantes; TV Anhanguera, afiliada da Globo no Tocantins; a afiliada do SBT, TV Capital; e o jornal Correio do Povo.

Fonte: Site Comunique-se