Empresas estão mudando o cenário de contratação

4 de junho de 2012


Mais de 90% dos empresários se preocupam com a
escassez de mão de obra qualificada

Uma pesquisa divulgada pela Cebrasse/Ipema, realizada junto a prestadores de serviços de todo o país, aponta que para 92,5% dos empresários entrevistados a principal preocupação é a escassez de mão de obra qualificada em todas as atividades. Vendedores com experiência e profissionais de atendimento, principalmente na área de comércio, restaurantes, supermercados e panificadoras, são as vagas mais difíceis de serem preenchidas. Sendo a falta de mão de obra qualificada uma situação visível e preocupante, as empresas estão apostando em mudanças e flexibilizando a forma de contratação para atrair e reter o quadro de funcionários.

Isso é comprovado pela opinião do especialista Emílio Morschel, diretor da NOSSA Gestão de Pessoas e Serviços. Segundo ele, os candidatos estão mais exigentes e as empresas estão aprendendo a lidar com a situação. “São criadas alternativas e formas diferentes para atrair e reter pessoas, porque o mercado mudou”, diz. De acordo com Morschel, as empresas estão buscando profissionais que não são fáceis de serem encontrados, o que requer investimentos em diferenciais que antes não existiam. “Algumas corporações estão abrindo mão de experiências anteriores e oferecem o treinamento e qualificação, desde que o profissional tenha interesse e disposição para aprender; outras estão revendo as exigências e requisitos para contratação, abrindo mão de uma escolaridade maior, por exemplo”, explica o diretor. Para ele, as empresas estão se tornando mais criativas e flexíveis para conciliar as suas necessidades com as exigências dos candidatos.

Na avaliação do especialista, no último ano as organizações estão investindo em Centros de Treinamento para ensinar, formar e reter esses profissionais que, na maioria das vezes, possuem nível escolar básico. É um retorno ao modelo empresarial de duas décadas atrás, quando não existia o conceito “autodesenvolvimento”, em que cada profissional é responsável pela sua formação e qualificação. “Nos últimos tempos têm sido abertas novas posições para profissionais sem experiência, fazendo com que essa qualificação aconteça no âmbito da empresa. Isso também é um atrativo, visto que criar um espaço estruturado para o desenvolvimento profissional também é um diferencial”, comenta Morschel.

Investimento no colaborador para eficiência à mesa

A rede de restaurantes Madero é um exemplo de que é preciso se adaptar para garantir a retenção dos seus funcionários. A prioridade é pela vinda de pessoas do interior do Estado para contratação, sendo esta uma opção do chef e proprietário da rede, Junior Durski, que as considera muitas vezes mais comprometidas.

Todos que chegam à Curitiba para trabalhar no Madero recebem o treinamento direcionado à função que vai exercer, moram em apartamentos ou casas alugadas pelo Madero próximos ao restaurante onde vai trabalhar e também recebem alimentação fornecida pelo estabelecimento. “O treinamento é todo dado pela nossa própria equipe de professores e supervisores da Qualidade. Possuímos um manual interno de funções com a descrição de tudo: desde os pratos servidos até a conduta que deve ser exercida. Além disso, temos uma equipe de Controle de Qualidade que supervisiona tudo em todos os restaurantes, desde a comida até o atendimento final ao cliente”, explica Durski.
De acordo com ele, o investimento nos colaboradores é compensador. Segundo o último levantamento, apenas 30% dos que chegaram desistiram durante o período de treinamento e a maioria permanece da rede por um longo período.
“Continuamos oferecendo moradia, alimentação e planos de saúde e odontológico enquanto o funcionário estiver conosco, independente do tempo. Posso garantir que pagamos acima da média. Temos funcionários que estão conosco há 11 anos e continuam recebendo esses benefícios”, conta.

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