Sobrecarga de comando gera “chefes ausentes” e desafia a cultura organizacional

3 de dezembro de 2025


Adeildo Nascimento, especialista em cultura organizacional e CEO da DHEO Consultoria, alerta que o acúmulo de responsabilidades tem afastado os líderes de sua função essencial

 

A sobrecarga de comando tem levado líderes a um estado de ausência, gerando indisponibilidade e pouca conexão com suas equipes, aponta um diagnóstico recente no ambiente corporativo. Este fenômeno, que se manifesta na principal queixa dos colaboradores, “meu chefe sumiu, não consigo agenda com ele”, compromete a cultura organizacional e a eficiência operacional das empresas.

 

O aumento das demandas sobre a liderança é corroborado por dados do mercado. Segundo o artigo “How Many Direct Reports?” (Gary L. Neilson e Julie WulfUm) a média de reports direto para um CEO dobrou de cerca de 5 nos anos 80, para quase 10 nos anos 2000. Tal cenário é reflexo da estratégia de horizontalização e redução de camadas gerenciais (flat management structure) adotada por grandes corporações globais, incluindo empresas do Vale do Silício.

 

O especialista em cultura organizacional e CEO da DHEO Consultoria, Adeildo Nascimento, contextualiza o risco citando um fato histórico. No período dos Três Reinos da China, o estrategista Zugliang, ao acumular funções como general e diplomata, perdeu linhas de comando, sendo a exaustão e a falta de agenda com seus subordinados apontadas por historiadores como fatores em sua derrota.

 

Autonomia e insegurança

A ausência do líder gera um estado de insegurança no time, muitas vezes disfarçado de autonomia. Segundo dados de pesquisas recentes, mais da metade dos colaboradores não sabe exatamente o que seu superior espera deles, causando ansiedade e fricção organizacional.

 

“Autonomia, desprovida de definição clara de objetivo e propósito, gera insegurança”, afirma Adeildo. O especialista explica que a indisponibilidade do líder em atividades de qualidade com o time faz com que o trabalho se encolha, conceito que encontra paralelo na Lei de Parkinson.

Governança leve

Para reverter o quadro, o caminho reside na cultura e na redefinição do papel da liderança, que deve migrar da centralização para a facilitação. Adeildo afirma que a centralização da liderança compromete a cultura organizacional. E ressalta a necessidade de promover a distribuição de liderança na estrutura da empresa. “É fundamental disseminar a liderança, pois a compreensão de que apenas quem detém um cargo é líder não é mais compatível com o cenário atual”, complementa o CEO da DHEO Consultoria.

 

A recomendação final envolve a criação de uma governança leve, baseada em autonomia com responsabilidade e accountability, e o cuidado com a saúde dos líderes, visto que a sobrecarga tem gerado quadros de burnout e crises de ansiedade na faixa dos 40 a 50 anos.

 

Vídeo completo no link.

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