O Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), por meio da sua Câmara Técnica de Urbanismo, realizou uma palestra que apresentou as ferramentas do GeoCuritiba, plataforma que consolida informações técnicas e espaciais da cidade em um ambiente acessível e integrado.
“A proposta é democratizar o acesso aos dados urbanos em tempos de cidades inteligentes. O sistema GeoCuritiba reúne, em uma única plataforma, recursos como o Mapa Cadastral Online, o Curitiba 3D, a Planta Genérica de Valores, além de consultas de confrontantes, mapas históricos e temáticos. Com isso, aproxima o dado técnico da prática cotidiana, oferecendo suporte tanto para a gestão pública quanto para a sociedade civil”, disse o Arquiteto e Urbanista Rodrigo Tadeu Baranczuk, Superintendente Técnico da Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU). “Esta iniciativa aproxima a Secretaria dos cidadãos ao apresentar uma das principais ferramentas do Cadastro Técnico, que apoia tanto a Prefeitura quanto os profissionais em seus serviços, reunindo informações ricas e abrangentes para serem cada vez mais apropriadas e utilizadas por todos.”
Para o Presidente do IEP, Eng. Eletricista Nelson Luiz Gomez, a palestra é extremamente relevante para todos que desejam conhecer Curitiba em sua totalidade e em detalhes. “Muito do que for apresentado representa um grande aprendizado sobre as ferramentas e informações que temos disponíveis acerca da nossa cidade. Em nome do IEP, dou as boas-vindas a todos e reforço que, em tempos de cidades inteligentes, a informação espacial não pode ser privilégio de poucos. Ela deve ser pública, acessível e confiável — um instrumento a serviço do planejamento, da gestão urbana e da sociedade”, disse.
A apresentação dos palestrantes ficou a cargo da Arquiteta Elise do Carmo Bonierski Bonato, Coordenadora da Câmara Técnica de Urbanismo do IEP.
Aline Placha Tambosi, Arquiteta e Urbanista (membro da Diretoria do Departamento de Cadastro Técnico Municipal (UCT) e da Presidência da Comissão de Regularização de Loteamentos (CRL), percorreu a trajetória histórica e técnica do Cadastro Técnico Municipal até chegar à atual disponibilização de informações por meio do GeoCuritiba. Ela explicou que o Cadastro Técnico Municipal é o departamento responsável pelo cadastramento cartográfico e informatizado de imóveis, além da manutenção da base cadastral do município. Já o Cadastro Técnico Multifinalitário foi apresentado como um sistema voltado à gestão urbana, subsidiando áreas como planejamento, tributação, licenciamento, fiscalização e demais funções ligadas à administração do espaço urbano.
“Esse conceito vai além do urbanismo e serviu de base para a implantação do GeoCuritiba, plataforma que reúne dados de interesse público e pode ser utilizada por diferentes secretarias da Prefeitura”, comentou.
A apresentação destacou ainda o percurso histórico do cadastro técnico em Curitiba. O ponto inicial, segundo ela, remonta a 1721, quando, por iniciativa do Ouvidor Pardinho, foi elaborada a Planta do Rocio, que delimitava o entorno da vila central e organizava a ocupação caótica da época. Esse trabalho incluiu também o levantamento dos moradores e a demarcação de suas terras. Hoje, cerca de 2,5 mil plantas originais desse período estão arquivadas e servem como base para consultas históricas.
Na década de 1930, surgiu a necessidade de organizar o município em quadrantes, tendo a Praça Tiradentes como marco zero. Foram levantadas 550 quadras, com dados detalhados de testada e fichas específicas para cada lote. Já nos anos 1950, a criação da indicação fiscal permitiu localizar imóveis nos mapas, mas, com o aumento de dados, o sistema tornou-se insuficiente.
Foi apenas a partir da década de 1980 que se consolidou uma virada de chave com o geoprocessamento, criando uma base referencial única, codificação padronizada (por bairro, quadra, lote e trecho de rua) e atualização constante das informações. “Esse avanço resultou na base cadastral digital, tornando obsoletos os sistemas anteriores de codificação”, continuou Aline, reforçando que o processo de atualização é contínuo. “Os dados mudam constantemente, e isso nos dá combustível para seguir saneando e aprimorando as informações. Nosso objetivo é resgatar a memória do cadastro municipal e espacializar os registros, preservando e divulgando dados que contam parte da história de Curitiba”, afirmou.
Ela destacou também a importância da unificação de bases dispersas e da criação de indexadores de busca, permitindo maior integração entre sistemas da Prefeitura. O resultado é a possibilidade de consumo de dados por toda a administração municipal, o que amplia a precisão das análises e garante decisões mais estratégicas e embasadas.
Na sequência, a arquiteta e urbanista Thaís Vieira Lopes, integrante da Gerência de Projetos e Planejamento do UCT, apresentou algumas funcionalidades do portal GeoCuritiba, ressaltando seu caráter de construção coletiva e convidando os presentes a explorarem a plataforma e contribuírem com devolutivas. “Os dados disponíveis representam informações de grande valor, que devem ser amplamente aproveitadas por todos os profissionais”, encerrou.