Uma empresa pode ter a missão mais inspiradora, a visão mais ambiciosa e valores cuidadosamente redigidos, mas se essas palavras não reverberam nas atitudes do dia a dia, então o que existe ali não é cultura, é discurso. Ter uma cultura viva é ir além da comunicação institucional e tornar os princípios da organização presentes, visíveis e palpáveis na experiência cotidiana de colaboradores, líderes e até clientes.
Para o Consultor, Escritor e Conferencista, Rogério Chér, que estará no XVIII CONPARH, realizado pela Associação Brasileira de Recursos Humanos do Paraná (ABRH-PR), a cultura é o que se vive, e não apenas o que se diz a respeito a missão, visão e valores.
“As organizações costumam fazer bons diagnósticos da sua cultura, boas definições, textos bem escritos e inspiradores. Mas, o que falta, por vezes, é a cultura vivida no dia a dia. Ela precisa permear políticas, processos, espaços físicos e experiências do colaborador. A maneira como a empresa faz avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento, como trata temas de carreira e sucessão, como remunera, reconhece e recompensa todos os subsistemas de recursos humanos precisam estar embebidos da cultura desejada. Caso contrário, isso não passa de uma promessa escrita e de uma experiência não vivenciada”, pontua Chér.
Esse distanciamento também se evidencia nos valores. Palavras genéricas como comprometimento, ética ou inovação, sem desdobramento prático, representam um ideal vago. De acordo com Chér, os valores precisam ser a expressão do DNA mais autêntico da organização, alinhados à sua estratégia e traduzidos em atitudes e comportamentos esperados. Somente assim, eles deixam de ser retórica e passam a ser realidade.
Se os valores são declarados, mas não traduzidos em atitudes concretas, eles se tornam peças de marketing institucional. É aí que reside o principal obstáculo para vivenciar a prática no dia a dia.
Por vezes, o RH atua como voz isolada, tentando colocar a cultura na agenda da organização. Isso acontece especialmente quando o tema não é visto como um pilar estratégico: “Todas as semanas testemunhamos RHs isolados, limitados por CEOs e conselhos que consideram a cultura de menor importância. Uma miopia corporativa perigosa. Há muitos ativos que podem ser copiados de uma empresa para outra, mas a única coisa que não dá para copiar de uma empresa é sua alma, sua personalidade, sua essência e seu DNA”, alerta Chér.
O RH, portanto, tem um papel central como articulador, facilitador e provocador da transformação cultural. Mas esse trabalho só se sustenta com o patrocínio direto da alta liderança. É essa combinação que faz a cultura sair do discurso e virar prática — e, mais do que isso, resultado.
Para Chér, a frase “a cultura devora a estratégia no café da manhã” de Peter Drucker, nunca foi tão presenciada nos últimos anos. Assistimos empresas promissoras falharem não por falta de dinheiro ou inteligência, mas por culturas tóxicas, desengajadoras e desalinhadas com seus desafios estratégicos.
Nos próximos anos, a evolução da cultura organizacional passa por novos e urgentes dilemas: a convivência de gerações com visões e expectativas diferentes, a transformação digital acelerada, as tensões geopolíticas e as incertezas econômicas.
“Cabe a cada empresa, com base no quanto sente na pele desses desafios todos, dar uma resposta por meio da sua cultura e fazer a cultura ser estímulo do seu sucesso e do seu melhor resultado”, finaliza o especialista.
XVII CONPARH
O tema “Cultura viva: como transformar valores em atitudes no dia a dia” será tratado com mais profundidade por Rogério Chér, no XVIII Congresso Paranaense de Recursos Humanos – CONPARH 2025 – “Tudo que só o humano pode fazer”.
O evento, promovido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos do Paraná – ABRH-PR, acontecerá nos dias 22 e 23 de outubro, no Viasoft Experience, em Curitiba.
Chér adianta que no congresso, a sua missão é mostrar como a cultura deve ser de fato experienciada em todos os momentos da empresa: “Cultura organizacional é um tema que está em relevo, em alto destaque, na mesa das lideranças das organizações mais importantes de diferentes setores da economia, no Brasil e no mundo. A cultura é motivo de fomento à estratégia ou de prejuízo à estratégia do negócio.”
Mais informações: https://conparh.com.br/